Investimentos impulsionam a cafeicultura em Mato Grosso

Aporte estatal em ciência e tecnologia transforma a produção de café na agricultura familiar e eleva produtividade no estado.

Fonte: da Redação

Investimentos impulsionam a cafeicultura em Mato Grosso
Investimentos impulsionam a cafeicultura em Mato Grosso - Foto: Anderson Silva

A cafeicultura em Mato Grosso passou por uma transformação estrutural nos últimos anos, impulsionada por investimentos públicos em ciência, tecnologia e assistência técnica, conforme dados oficiais divulgados pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT) e pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer-MT).

Investimento público e base científica

Entre 2019 e 2025, o Governo de Mato Grosso, por meio da Seaf, destinou mais de R$ 4,4 milhões diretamente à cafeicultura. Conforme apurado pela reportagem em dados institucionais, os recursos viabilizaram a entrega de cerca de 2,6 milhões de mudas, máquinas recolhedoras, conjuntos de beneficiamento, além da implantação de experimentos científicos e atendimento técnico a mais de mil agricultores familiares.

Segundo a Seaf, no mesmo período, a produção estadual cresceu mais de 100%, enquanto a produtividade média avançou mais de 250%, resultado atribuído à adoção de material genético adaptado e manejo tecnificado.

Robusta Amazônico e adaptação regional

Diferentemente de outras regiões produtoras do país, a cafeicultura em Mato Grosso adotou o Robusta Amazônico, híbrido desenvolvido pela Embrapa Rondônia a partir de linhagens de Coffea canephora dos grupos conilon e robusta. De acordo com a Embrapa, o material apresenta alta adaptação ao clima quente e úmido da Amazônia Meridional, condição predominante no norte do estado.

Dados técnicos da Embrapa indicam que, mesmo com redução de 43% da área colhida entre 2015 e 2024, a produção estadual cresceu 101,8%, conforme séries históricas da Conab, evidenciando ganhos de eficiência produtiva.

Programa estadual e papel estratégico

A modernização ganhou força a partir de 2015, com a criação do Programa de Revitalização da Cafeicultura, coordenado pela Seaf e pela Empaer, com apoio da Embrapa. O programa estruturou ações de capacitação, validação de clones, manejo profissionalizado e pesquisa aplicada ao solo e clima regionais.

Em nota oficial, a secretária de Estado de Agricultura Familiar, Andreia Fujioka, destacou que o café se consolidou como cultura estratégica para a agricultura familiar, por gerar renda contínua e fortalecer economias locais.

Produção municipal e liderança regional

Segundo ranking oficial da Seaf, Colniza lidera a produção de café no estado, seguida por Juína, Aripuanã, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu. Apenas em Colniza, entre 2019 e 2025, os investimentos estaduais na agricultura familiar somaram R$ 9,4 milhões, incluindo máquinas beneficiadoras, secadores rotativos e caminhões, conforme registros administrativos da secretaria.

Como resultado, a produtividade média estadual saltou de 6–8 sacas por hectare para cerca de 22–23 sacas/ha em uma década. Em áreas tecnificadas, a Embrapa projeta potencial de até 50 sacas/ha.

Pesquisa aplicada e validação de clones

Desde 2021, a Empaer coordena o Projeto de Validação de Clones de Coffea canephora, com apoio da Seaf, Fapemat e Embrapa. Conforme explicou a pesquisadora Danielle Helena Muller, doutora em Agricultura Tropical, os experimentos estão distribuídos em cinco regiões estratégicas do estado, com resultados finais previstos para 2026, após três safras completas.

Resultados preliminares indicam produtividades superiores a 100 sacas por hectare em alguns materiais, reforçando o potencial competitivo da cafeicultura em Mato Grosso.

Impacto socioeconômico na agricultura familiar

A cultura do café se consolidou por ser perene, de alta rentabilidade por área e intensiva em mão de obra, favorecendo a permanência das famílias no campo. Municípios como Alta Floresta, Nova Monte Verde e Paranaíta relataram expansão do número de produtores, estruturação de cadeias locais e avanço para a industrialização, conforme declarações oficiais de gestores municipais.

Modelo baseado em ciência

No cenário estadual, o Governo de Mato Grosso informou investimentos de R$ 817 milhões nos 142 municípios, abrangendo diversas cadeias produtivas. Na cafeicultura, o foco não está apenas na expansão da área, mas na consolidação de um modelo sustentado por pesquisa científica, inovação tecnológica e valorização da agricultura familiar.

Reportagem baseada em dados oficiais da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT), Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer-MT), Embrapa e Conab.

Box informativo

  • Período analisado: 2015–2025
  • Investimento direto na cafeicultura: R$ 4,4 milhões
  • Material genético: Robusta Amazônico (Coffea canephora)
  • Produtividade potencial: até 50 sacas/ha (Embrapa)

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Criador de conteúdo especializado em jogos, tecnologia e notícias de Mato Grosso, é redator no CenárioMT e atua também como analista de TI. Desenvolve projetos de game design no tempo livre. Contato para pautas sobre Mato Grosso: [email protected]