A prisão de um homem condenado por estupro de vulnerável interrompeu, nesta quinta-feira (18.12), a rotina de uma família marcada por anos de violência silenciosa no interior de Mato Grosso. O sentenciado, de 50 anos, teve contra si cumprido um mandado de prisão definitiva e passará a cumprir 14 anos de reclusão em regime inicial fechado.
A ordem judicial foi executada por investigadores da Polícia Civil ligados à Delegacia de Guiratinga, no município de Tesouro, onde o condenado residia atualmente. Após ser localizado, ele foi conduzido à unidade policial e apresentado à autoridade competente para os procedimentos legais, permanecendo à disposição da Justiça.
A condenação é resultado de uma investigação que teve início após a revelação dos abusos sofridos pela própria filha do acusado. Os crimes ocorreram quando a criança ainda morava com o pai, em um período posterior à separação do casal, conforme apurado pela Polícia Civil durante a fase investigativa.
Segundo o relato formalizado à época, a mãe das vítimas procurou a delegacia em outubro de 2023 e informou que manteve um relacionamento de aproximadamente 10 anos com o investigado. Da união nasceram duas filhas, então com 13 e 10 anos. Após o fim do relacionamento, as crianças permaneceram por alguns meses sob a guarda do pai.
Relato na escola e início da apuração
Durante esse período, a mãe mantinha contato regular com as filhas, passando fins de semana com elas. Com o tempo, a filha mais velha passou a se recusar a retornar à residência paterna, relatando agressões físicas e ameaças graves direcionadas a ela e à própria mãe.
Diante do agravamento da situação, as crianças retornaram ao convívio materno. A mãe buscou auxílio do Conselho Tutelar de Guiratinga, que orientou o registro de boletim de ocorrência e o pedido de medidas protetivas para garantir a segurança da família.
Mesmo ciente das determinações judiciais, o pai descumpriu as medidas impostas e chegou a comparecer repetidas vezes à escola onde a filha mais velha estudava. Em 20 de outubro de 2023, a criança apresentou uma crise de choro em sala de aula, levando a instituição de ensino a acionar novamente o Conselho Tutelar.
Na ocasião, a vítima revelou estar sendo perseguida pelo pai e relatou que, no período em que morou com ele, foi submetida a reiteradas tentativas de abuso sexual, por meio de atos incompatíveis com sua condição de vulnerabilidade. O depoimento foi decisivo para o avanço das investigações.
Condenação definitiva e cumprimento da pena
Com a conclusão do inquérito policial e o regular trâmite do processo judicial, o homem foi condenado de forma definitiva pelo crime de estupro de vulnerável. A decisão resultou na expedição do mandado de prisão, agora efetivamente cumprido pela Polícia Civil.
Em nota, o delegado regional de Rondonópolis, Santiago Rozendo Sanches e Silva, destacou que a instituição mantém atuação permanente na proteção de crianças e adolescentes. Ele reforçou que denúncias feitas por familiares, escolas e órgãos de proteção são fundamentais para interromper ciclos de violência e garantir a responsabilização dos autores.




















