Sonda projetada para buscar sinais de vida em Europa captou imagens ultravioleta raras do visitante interestelar
A NASA voltou seus olhos para o cometa interestelar 3I/ATLAS utilizando a espaçonave Europa Clipper, uma missão desenvolvida para investigar a possibilidade de vida extraterrestre na lua Europa, de Júpiter. A observação ocorreu enquanto o cometa se aproxima da Terra em alta velocidade.
Apesar do apelido popular de “caça-alienígenas”, a sonda não estava procurando sinais de vida no cometa. A oportunidade surgiu porque a Europa Clipper estava no lugar certo, na hora certa para registrar um dos objetos mais raros já detectados cruzando o Sistema Solar.

Observações em ultravioleta revelam detalhes invisíveis ao olho humano
As imagens foram captadas em 6 de novembro, quando o cometa estava a cerca de 164 milhões de quilômetros da espaçonave. Ao todo, foram realizadas sete horas de observações com o instrumento Europa Ultraviolet Spectrograph (Europa-UVS).
A luz ultravioleta não é visível aos olhos humanos, mas ao dividir os dados em diferentes comprimentos de onda e combiná-los, os cientistas conseguem analisar a composição química do cometa e sua atividade.
Essas observações complementam registros feitos por outros grandes observatórios, como:
- O telescópio espacial James Webb (infravermelho)
- O observatório XMM-Newton (raios X)
Quando o cometa passa mais perto da Terra
O 3I/ATLAS fará sua maior aproximação da Terra entre a noite de 18 e a madrugada de 19 de dezembro de 2025. No ponto mais próximo, ele passará a cerca de 270 milhões de quilômetros do planeta.
Mesmo a essa distância relativamente pequena em termos astronômicos, não há qualquer risco de colisão. Astrônomos explicam que o cometa estará a aproximadamente 1,8 unidade astronômica da Terra.
Com telescópios amadores de bom porte, o objeto pode ser visto como um pequeno ponto esverdeado em movimento rápido, embora não se espere uma visão espetacular a olho nu.
Por que a Europa Clipper estava observando o cometa
A Europa Clipper segue em trajetória rumo a Júpiter, onde deve chegar apenas em 2030. O cometa 3I/ATLAS, por sua vez, fará sua maior aproximação do planeta gigante em março de 2026.
Essa coincidência de trajetórias permitiu que a espaçonave utilizasse seus instrumentos científicos avançados para estudar o cometa, oferecendo dados valiosos sobre:
- Gases liberados pelo núcleo
- Formação da coma (atmosfera temporária)
- Diferenças entre cometas interestelares e os do Sistema Solar
Composição do 3I/ATLAS
Observações anteriores indicam que o cometa é rico em gelo de dióxido de carbono e libera carbono diatômico (C₂), responsável pelo brilho esverdeado visto em imagens ópticas recentes.
Os dados espectroscópicos completos das observações ultravioleta ainda estão sendo analisados, e a NASA informou que novos resultados serão divulgados assim que disponíveis.
Um visitante raro vindo de fora do Sistema Solar
O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado atravessando o Sistema Solar, depois do 1I/‘Oumuamua (2017) e do 2I/Borisov (2019).
Após concluir sua passagem, o cometa seguirá uma trajetória de saída definitiva, desaparecendo para sempre no espaço interestelar.

A observação do cometa 3I/ATLAS pela Europa Clipper representa uma oportunidade científica única. Usando os mesmos instrumentos que buscarão sinais de vida em uma lua de Júpiter, os cientistas agora conseguem estudar materiais formados em outros sistemas estelares.
Cada visitante interestelar amplia o entendimento sobre a diversidade de corpos que existem além do nosso Sistema Solar — e ajuda a responder uma das maiores perguntas da ciência: como se formam e evoluem outros sistemas planetários no universo.
Fonte: NASA, JPL-Caltech, Southwest Research Institute (SWRI).
Nota editorial: Não há evidências de que o cometa 3I/ATLAS seja de origem artificial ou possua relação com vida extraterrestre.






















