A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (18) avaliando como “inefetivas” as alterações trazidas pela Medida Provisória (MP) nº 1.328/2025, que atualiza regras de acesso ao crédito rural para produtores e cooperativas atingidos por eventos climáticos. A entidade afirma que a medida, apesar de ajustar prazos e critérios, “ainda não apresenta efetividade prática” para atender a realidade do alto endividamento no estado.
A MP amplia o período das operações passíveis de liquidação para contratos firmados entre 1º de julho de 2024 e 30 de junho de 2025 (incluindo renegociações) e ajusta o marco de inadimplência. No entanto, mantém a exigência de que produtores e cooperativas comprovem perdas em duas ou mais safras entre julho de 2020 e junho de 2025.
Crítica aos critérios e defesa da análise individual
Para a Aprosoja MT, esse tipo de critério baseado em recortes territoriais e percentuais médios acaba excluindo produtores com prejuízos reais. A entidade defende a adoção de uma análise individualizada, fundamentada em documentação técnica específica de cada propriedade, e tem alertado o Ministério da Agricultura (MAPA) e o Ministério da Fazenda sobre a necessidade de soluções compatíveis com a realidade local.
A preocupação é respaldada por dados do Banco Central, que apontam que quase 15% da carteira de crédito rural de Mato Grosso – o equivalente a cerca de R$ 14 bilhões – está em atraso ou em processo de renegociação. O dado evidencia, segundo a associação, o risco de agravamento da crise de liquidez no campo.
Frota x Endividamento: prioridade do produtor
A nota reconhece que a MP também institui um programa de financiamento para a renovação da frota de caminhões, mas ressalta que, no ponto mais sensível – o acesso efetivo a crédito para liquidação ou amortização de dívidas por eventos climáticos –, as mudanças anunciadas “ainda não se converteram em avanço concreto para Mato Grosso”.
A entidade reforça que, sem ajustes que garantam maior capilaridade, análise técnica individual e efetiva operacionalização no sistema financeiro, o refinanciamento climático continuará sendo “uma medida mais robusta no discurso do que efetiva no campo”. O posicionamento mantém a pressão do setor produtivo por instrumentos de renegociação mais abrangentes e adaptados à severidade das perdas registradas nas últimas safras.



















