Fenômeno observado após o periélio levanta debates sobre comportamento anômalo do visitante interestelar
O objeto interestelar conhecido como 3I/ATLAS, que atravessa o Sistema Solar desde meados de 2025, voltou a chamar a atenção da comunidade científica ao apresentar um comportamento raro: a emissão persistente de uma anti-cauda — um jato estreito de material direcionado ao Sol, mesmo após o objeto começar a se afastar da estrela.
Imagens recentes mostram que o fenômeno permanece estável, algo considerado difícil de explicar apenas com modelos tradicionais de cometas.

O que é a chamada “anti-cauda”?
Em termos astronômicos, a anti-cauda é um jato de poeira ou gás que parece se projetar na direção oposta à cauda principal. Em alguns cometas, esse efeito pode ser explicado por geometria orbital e distribuição de partículas, mas no caso do 3I/ATLAS, o padrão observado tem levantado questionamentos.
Segundo análises, o jato apresenta:
- Comprimento estimado entre 400 e 500 mil quilômetros
- Colimação extremamente estreita, com ângulo de apenas 5 a 8 graus
- Estabilidade direcional mesmo após a mudança de trajetória orbital
A interpretação de Avi Loeb
O astrofísico Avi Loeb, professor da Universidade de Harvard e conhecido por suas pesquisas sobre objetos interestelares, comentou o caso em seu blog pessoal.
Segundo Loeb, ao comparar imagens obtidas entre julho e agosto de 2025 com registros mais recentes, ficou evidente que a anti-cauda praticamente não mudou de orientação, apesar de o objeto já estar se afastando do Sol.
“É extremamente incomum que um jato tão estreito permaneça colimado e apontado precisamente para o Sol antes e depois do periélio”, escreveu Loeb. “Em termos físicos, isso lembra mais um feixe altamente direcionado do que a liberação difusa típica de um cometa.”
Por que isso desafia os modelos tradicionais?
Em cometas comuns, jatos são explicados pela sublimação de gelo quando regiões da superfície são aquecidas pela luz solar. No entanto, após o periélio, a área previamente aquecida passa para o lado noturno do corpo.
Para que o fenômeno observado no 3I/ATLAS ocorra naturalmente, seria necessário que:
- Existam duas fontes reativas quase idênticas
- Elas estejam posicionadas em lados opostos do objeto
- Ambas produzam jatos com a mesma geometria e intensidade
Segundo cálculos apresentados por Loeb, a probabilidade estatística desse cenário seria de aproximadamente 1 em 40 mil.
Hipóteses alternativas e cautela científica
O químico e pesquisador Dr. Frank Laukien, também associado a Harvard, comentou o caso em correspondência privada citada por Loeb. Ele observa que, em teoria, um jato altamente colimado poderia surgir de uma cavidade profunda semelhante ao cano de uma arma, mas ressalta que a iluminação solar direta nesse tipo de estrutura seria breve em um corpo em rotação.
Laukien afirma ainda que não vê um mecanismo natural claro capaz de sustentar uma anti-cauda tão estável por tanto tempo.
Apesar das especulações levantadas em ambientes acadêmicos e na mídia, não há evidências concretas de que o 3I/ATLAS seja artificial. A própria comunidade científica ressalta que fenômenos raros não implicam, por si só, origem tecnológica.
O que ainda não sabemos sobre o 3I/ATLAS
Até o momento, diversos aspectos do objeto permanecem incertos:
- Seu tamanho real, obscurecido pela poeira e gases
- A composição exata do material emitido
- A estrutura interna do corpo
Novas observações com telescópios terrestres e espaciais devem ajudar a esclarecer se o comportamento do 3I/ATLAS pode ser explicado por processos físicos pouco conhecidos ou se exigirá revisões nos modelos atuais de objetos interestelares.
O 3I/ATLAS se soma a uma curta lista de visitantes interestelares que desafiam o entendimento atual da astronomia. Embora explicações extraordinárias não sejam sustentadas por evidências até o momento, o objeto oferece uma oportunidade única para aprofundar o estudo de corpos formados fora do Sistema Solar.
Como destaca o próprio Avi Loeb, “o mistério não é uma afirmação de origem artificial, mas um convite à investigação científica”.
Nota editorial: Este conteúdo aborda hipóteses científicas em debate. Nenhuma das interpretações apresentadas constitui consenso científico até o momento.




















