Com o passar dos anos e safras, as condições climáticas e as adversidades do solo são temas que surgem em conversas com os agricultores de Mato Grosso. Prestes a completar 10 anos, o Centro Tecnológico (CTECNO Parecis), do Instituto Mato-grossense de Agronegócio (Iagro MT) em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) foi criado para contribuir ainda mais e facilitar a produção das culturas de soja e milho no estado através de pesquisas de campo.
Localizado em Campo Novo do Parecis, o CTECNO realiza pesquisas de manejo em solos de texturas média e arenosa, que variam de 9% a 35% de argila, com o foco em obter lavouras mais eficientes e produtivas. Em 86 hectares, os pesquisadores estudam a correção, uso de condicionadores do solo, adubação, uso de insumos biológicos e outros fatores de pesquisa. Todos os protocolos de pesquisa são demandas levadas por produtores rurais que buscam conhecimento para aumentar a produção.
A pesquisadora do CTECNO Parecis há 4 anos, Daniela Facco, explicou que a maioria das pesquisas desenvolvidas são voltadas para o manejo do solo, sistema de produção da soja e do milho e estratégias de adubação. Ao longo dos anos participando da pesquisa, Daniela contou que é muito gratificante obter bons resultados dos testes feitos no centro de pesquisa, pois com eles é possível que produtores aumentem a produtividade nas lavouras.
“Acompanhar o desenvolvimento das pesquisas dentro de uma estação de pesquisa como o CTECNO Parecis, onde desenvolve pesquisas de cunho mais prático, é muito gratificante, porque além de aplicar esses manejos no campo, tem todo o acompanhamento de como as culturas vão se desenvolvendo ao longo do tempo. Depois de acompanhar todo o ciclo de desenvolvimento, a gente consegue ver o quanto ela está respondendo em produtividade e quais os manejos são mais interessantes”, relata.
De todas as técnicas já desenvolvidas no CTENCO, a pesquisadora destacou que o clima sempre será o fator que mais vai influenciar na produtividade da cultura, e por isso, o centro de pesquisa investe em manejos para amenizar adversidades. A cobertura do solo com a palhada do milho e outras plantas é a responsável por manter a umidade do solo e contribuir com o desenvolvimento da soja, mesmo em solos mais arenosos.
“Então, onde tem um alto aporte de palhada consegue manter a umidade desse solo e esse solo protegido por meio da cobertura, por uma boa palhada de milho, é onde observamos as melhores produtividades e a maior estabilidade produtiva nesse ambiente”, explica Daniela.
A busca pela manutenção de uma boa palhada sobre o solo não é somente uma preocupação para os pesquisadores, o delegado do núcleo de Jaciara, Alberto Luis Chiapinotto afirmou que visitou o centro de pesquisa e aprendeu que era possível melhorar ainda mais a palhada que já tinha na propriedade. Ele estava em busca de manejos de plantas de cobertura e com as apresentações do coordenador do CTECNO Parecis, Rodrigo Hammerschmitt e da pesquisadora Daniela, descobriu que era possível ter bons resultados mesmo em solos arenosos.
O produtor contou que antes de buscar o CTECNO queria plantar estilosante campo grande, um tipo de leguminosa que aumenta a produtividade em solos arenosos por auxiliar na fixação do nitrogênio, porém tem o ciclo mais demorado chegando a 18 meses de cultivo. No centro de pesquisa, ele descobriu que tinha outras opções mais adequadas à realidade dele, Chiapinotto entendeu que era melhor optar pela plantação de braquiária para segurar ainda mais a proteção do solo.
“Eu particularmente não tenho dúvidas de que isso vai dar certo. Então vamos implantar em nossa propriedade. Estou indo buscar alternativas de fazer esse plantio de braquiária seguir conforme o CETCNO Parecis tem mostrado para nós. Eu vou seguir à risca as orientações do coordenador Rodrigo e da Daniela”, afirma.
Assim como Chiapinotto, o delegado do núcleo de Sinop, Albino Galvan Neto, também fez visitas ao centro de pesquisa para aprimorar as técnicas de plantio. No local, Galvan recebeu dicas para aprimorar de cobertura e as implementou na propriedade. Além disso, convidou os produtores com solos arenosos a conhecerem o CTECNO.
“Desde a primeira visita no CETNO Parecis a principal técnica que a gente mantém dentro da propriedade é a manutenção da palhada, essencial para a produção em solos arenosos. Sempre estendo o convite para todos os produtores, que passam por essa situação de solos arenosos, de fazer a visita no CTECNO”, conta.
Galvan relembra que as visitas começaram pelo pai dele, Antônio Galvan, que foi implementando ao longo das visitas as técnicas aprendidas na propriedade da família. Com o tempo, ele passou a fazer as visitas e aprender ainda mais com os pesquisadores.
Já o produtor e delegado do núcleo de Tapurah, Regis Porazzi, contou que visita o CTECNO Parecis todos os anos e extraiu das visitas informações sobre a fertilização do solo para o aumento da produção.
“Utilizamos as orientações na utilização do Cloreto de Potássio, a utilização de fósforo, a recomendação de enxofre, a recomendação de calcário. Foi lá que observei a orientação de que utilização de calcário dolomítico em todas as situações tem ganhado melhores resultados”, disse.
Assim como todos os produtores que frequentam e acreditam nas pesquisas do CTECNO, o produtor rural de Juara, Fabio Kasprzak, afirmou que recomenda para que todos os agricultores façam visitas ao centro de pesquisa.
“Estou recomendando para vários produtores, amigo meu, que tem que ir, é muito importante, é uma coisa que é certo. Não tem maquiagem, não tem perfumaria, é coisa uma enxuta, com um valor acessível e com resultado bem significativos”, ressalta.
Na safra 2025/26, o CTECNO Parecis completará 10 anos de dedicação às pesquisas de campo. Ao longo dos anos, os pesquisadores já contribuíram com a melhoria da produção em diversos locais do estado e a Aprosoja MT, junto dos mais de 9,2 mil associados, tem orgulho de apoiar essa longa história de conquista e divulgação cientifica.
