O arquiteto e urbanista de Cuiabá, José Afonso Botura Portocarrero, que atualmente atua como secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, alcançou um feito histórico: ele obteve a patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para o protótipo Tecnoíndia.
O projeto, que combina o desenho ancestral das habitações indígenas com a engenharia de precisão e tecnologias atuais, representa a primeira patente de arquitetura concedida à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), elevando o total da instituição para 14 patentes. A Carta Patente foi assinada em 2 de dezembro.
Essência do Tecnoíndia: Tradição e Inovação
O Módulo Tecnoíndia transforma o desenho tradicional das habitações indígenas em um sistema construtivo industrializável. Portocarrero explica que o objetivo é que uma forma culturalmente específica, antes artesanal, possa ser reproduzida com rapidez e eficiência por meio do corte computacional e de máquinas de precisão.
“Mais do que um registro legal, trata-se do reconhecimento de uma ideia que atravessa o tempo, demonstrando a união entre um desenho ancestral e as possibilidades tecnológicas da atualidade.”
O grande diferencial do protótipo é permitir que essa tecnologia tradicional entre na lógica produtiva contemporânea, tornando-se viável para diversos usos, como habitações indígenas, pequenas escolas e postos de saúde. A patente, aguardada há oito anos, é vista como um gesto político e científico que valoriza as tecnologias tradicionais brasileiras, que muitas vezes são ignoradas em políticas públicas como o Minha Casa, Minha Vida.
Características do Protótipo
- Estrutura: O pórtico ogival, comum aos povos indígenas, é constituído a partir de uma única peça módulo que se justapõe.
- Montagem: A ligação entre as peças é feita por parafusos, formando uma estrutura modular que se repete a cada 1,25 metros, o que permite fácil montagem e desmontagem, sendo útil para moradias de urgência.
- Resistência: O primeiro protótipo, submetido a rigorosos testes no Laboratório de Estruturas da Engenharia Civil da UFMT, resistiu a uma tonelada de peso.
A pesquisa de Portocarrero sobre habitação indígena começou em 1997 e contou com apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) e diversas universidades e colaboradores.






















