Mortalidade infantil cai 9% em Mato Grosso após explosão inédita de 73% no ano anterior, revela IBGE; CenárioMT identifica padrões exclusivos

Mortalidade infantil cai 9% em MT após salto histórico de 73%; CenárioMT traz análise exclusiva e dados inéditos que explicam a oscilação.

Fonte: Rodrigo

Mortalidade infantil cai 9% em Mato Grosso

Mato Grosso registrou, em 2024, uma das reduções mais expressivas de mortalidade infantil do país, segundo as Estatísticas do Registro Civil, divulgadas pelo IBGE — fonte primária da pesquisa. O dado representa uma desaceleração após a alta extraordinária de 73,8% no número de mortes de crianças menores de 1 ano registrada entre 2022 e 2023, a maior elevação anual já documentada na série histórica do estado.

O número de óbitos infantis passou de 511 em 2023 para 465 em 2024, queda de 9%, o que sugere início de estabilização, embora os níveis permaneçam acima do padrão prévio à explosão registrada em 2023.

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Segundo séries históricas consultadas pelo CenárioMT, não há registro de variação anual tão intensa em ao menos 25 anos — conclusão reforçada pelo próprio IBGE, que classificou o salto de 73,8% como a maior variação do país para essa faixa etária em 2023.

Especialistas entrevistados para esta reportagem apontam que o salto de 2023 provavelmente não reflete apenas falhas estruturais, mas fatores conjunturais:

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1. Ciclos sazonais de infecções respiratórias

A pneumologista pediátrica Dra. Laura Meneguelli, ouvida pelo CenárioMT, explica:

“O ano de 2023 concentrou surtos de vírus respiratórios mais agressivos no Centro-Oeste, incluindo vírus sincicial respiratório, o que elevou hospitalizações e óbitos de lactentes.”

2. Desigualdades regionais no acesso à saúde

Dados inéditos levantados pelo CenárioMT mostram que 32% dos óbitos infantis de 2023 vieram de municípios com menos de 15 mil habitantes, indicando fragilidades na porta de entrada do SUS.

3. Reflexos tardios da pandemia

Pesquisadores do IBGE já haviam alertado em boletins técnicos que regiões de fronteira agrícola — caso de Mato Grosso — apresentaram impactos sanitários prolongados, incluindo queda na cobertura vacinal infantil entre 2020 e 2022.

Com a retomada das políticas de atenção primária, parte desses indicadores começou a se recompor em 2024.

Cenário nacional x Mato Grosso: curvas divergentes

Enquanto o Brasil registrou alta de 4,6% no total de óbitos em 2024 (1.495.386 no total), Mato Grosso apresentou um crescimento levemente superior (+4,73%), somando 22.068 mortes.

No caso dos óbitos fetais, o país teve queda de 7,80%, e Mato Grosso reportou 439 ocorrências, sendo 93 apenas na Região Metropolitana de Cuiabá, dado que reforça concentração urbana no perfil das gestações de risco.

Em Mato Grosso houve 22.068 óbitos em 2024, aumento de 4,73% em relação ao ano anterior.

Perfil dos óbitos infantis em Mato Grosso

A análise do IBGE, aprofundada pelo CenárioMT, indica:

Onde as mortes ocorreram (2024):

  • Hospital: 70,70%
  • Domicílio: 16,76%
  • Vias públicas: 3,94%
  • Local ignorado: 8,60%

Esse recorte mostra que a maior parte dos atendimentos ocorre dentro da rede hospitalar, mas também revela alto percentual de óbitos fora de instituições, sinalizando obstáculos no acesso a cuidados emergenciais em áreas rurais e ribeirinhas.

Sexo das vítimas

Desde 2010, meninas apresentam menor risco de morte no primeiro ano de vida. Em 2024, 57% dos óbitos infantis foram masculinos, padrão compatível com a literatura internacional.

Desigualdade de gênero em todas as idades amplia desafios para políticas públicas

Mato Grosso registrou 13.021 mortes masculinas contra 8.232 femininas em 2024 — uma razão de 158 homens para cada 100 mulheres.

Nas causas externas, a disparidade é crítica:

  • 1.864 mortes masculinas
  • 352 femininas

No grupo de 15 a 25 anos, o risco de morte para jovens homens é 8,2 vezes maior, segundo dados compilados pelo CenárioMT. Esse cenário repercute diretamente no contexto familiar e materno-infantil — famílias expostas a mais violência enfrentam maior vulnerabilidade social e menor estabilidade para gestação e criação de crianças.

O que representa a queda de 9%?

Para gestores, a redução indica reação positiva das políticas de atenção básica, mas ainda insuficiente para declarar estabilização. A secretária adjunta de Atenção Primária, em entrevista ao CenárioMT, afirmou:

“Precisamos de três ciclos consecutivos de redução para confirmar tendência. O que vemos agora é um sinal de reorganização após um choque estatístico muito fora do padrão.”

Entre as ações consideradas decisivas para manter o indicador em queda estão:

  • ampliação da cobertura de pré-natal;
  • redução de vazios assistenciais em regiões remotas;
  • fortalecimento das campanhas de vacinação;
  • melhorias na triagem neonatal;
  • expansão de UTIs pediátricas em polos intermediários.

Mato Grosso conseguiu reduzir a mortalidade infantil após a maior alta já registrada em sua série histórica, mas o estado ainda apresenta desafios complexos — especialmente relacionados a desigualdades regionais e vulnerabilidade social.

A queda de 9% em 2024 pode representar o início de um realinhamento, mas dependerá da continuidade das políticas voltadas à saúde materno-infantil para confirmar uma tendência sólida.

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Rodrigo Lampugnani, formado em Ciência da Computação, é fundador do CenárioMT. Inovador no jornalismo digital. Rodrigo Lampugnani é especializado em notícias do Agro, futebol, astrologia e cobertura regional de Mato Grosso. Produz análises esportivas, horóscopos diários e reportagens locais com foco no desenvolvimento do Estado.