Mato Grosso encerrou 2024 entre os estados com menor taxa geral de divórcios do país, registrando 1,3 divórcio por mil habitantes acima de 20 anos — número que coloca o estado na 5ª posição nacional, segundo as Estatísticas do Registro Civil divulgadas pelo IBGE, fonte primária dos dados.
O CenárioMT analisou as bases históricas do instituto e identificou que este é o menor índice registrado pelo estado desde 2010, reforçando uma tendência de dissoluções formais mais raras em comparação ao restante do país.
O recuo foi expressivo: 3.584 divórcios em 2024, queda de 42,78% frente a 2023, quando ocorreram 6.264 processos — variação quase quatro vezes maior que a média da região Centro-Oeste, que registrou baixa de 11,8%.
Análise exclusiva do CenárioMT: por que MT se divorcia menos?
Com base em entrevistas com especialistas e dados demográficos do IBGE, o CenárioMT identificou três fatores estruturais que explicam a singularidade mato-grossense:
1. Uniões mais curtas e resolução mais rápida de conflitos
Embora o tempo médio de casamento no Brasil tenha chegado a 13,8 anos, 23,91% dos divórcios em MT ocorreram entre casais com até quatro anos de união, o maior percentual da série estadual.
Segundo a pesquisadora e demógrafa Ana Lúcia Freire, entrevistada pela reportagem:
“Em Mato Grosso, as uniões são desfeitas mais rapidamente quando há incompatibilidades. Isso reduz desgaste, litígios longos e, consequentemente, a estatística acumulada de divórcios formais.”
2. Configuração familiar contribui para processos mais ágeis
O CenárioMT apurou que 36,64% dos divórcios envolveram casais sem filhos, o que, segundo juristas entrevistados, tende a acelerar a tramitação.
Além disso, a atualização das regras do CNJ, permitindo escritura extrajudicial mesmo com filhos — desde que acordos prévios de guarda e pensão estejam resolvidos — ampliou a fluidez dos procedimentos.
3. Guarda compartilhada avançou mais rápido que no país
Em 2024, 66,09% dos divórcios em MT resultaram em guarda compartilhada, índice superior ao nacional (44,6%) e o maior já registrado no estado.

Outro dado inédito:
📌 A guarda concedida ao pai (17,92%) superou a materna (12,71%) no estado, invertendo padrão histórico.
O advogado de família Henrique S. Duarte, ouvido pelo CenárioMT, reforça:
“Mato Grosso está entre os estados onde a guarda compartilhada se consolidou com mais força, e isso influencia diretamente na redução de disputas judiciais complexas.”
Casamentos x Divórcios: a equação mato-grossense
Mesmo registrando queda de 11,54% nos casamentos civis em 2024, MT ainda mantém uma das maiores taxas de nupcialidade do Brasil:
➡️ 6,8 casamentos por mil habitantes de 15 anos ou mais, acima da média nacional (5,6‰).
Esse equilíbrio — menos casamentos e menos divórcios — indica um padrão que difere do restante do país e reforça a particularidade demográfica mato-grossense.
Comparação nacional: MT “descola” do restante do país
| Indicador (2024) | Mato Grosso | Brasil |
|---|---|---|
| Taxa de divórcios | 1,3‰ | 2,7‰ |
| Queda anual | 42,78% | 2,8% |
| Guarda compartilhada | 66,09% | 44,6% |
| Guardas individuais (pai x mãe) | 17,92% x 12,71% | 9% x 42% |
Dados exclusivos do CenárioMT revelam que essa diferença vem se acentuando desde 2020, quando o estado iniciou uma curva descendente mais intensa na dissolução conjugal.
Mesmo seguindo transformações nacionais — como a ascensão da guarda compartilhada e uniões mais curtas —, Mato Grosso se destaca como um dos estados com menor propensão ao divórcio formal. O comportamento revela:
- mudanças socioculturais próprias da região;
- reorganização dos arranjos familiares;
- impacto direto de novas normas legais;
- tendência de estabilização de vínculos conjugais ou de dissoluções mais ágeis.
- A continuidade desse cenário será essencial para compreender como evolui a estrutura familiar mato-grossense nos próximos anos.
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