Fenômeno La Niña deve atuar de forma breve e moderada, mas em um cenário global já pressionado pelo aquecimento, ampliando riscos climáticos
O avanço do fenômeno La Niña voltou a chamar a atenção de meteorologistas internacionais após novos dados divulgados pelo Serviço Meteorológico Nacional do México (SMN). A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que o padrão climático está em formação e pode provocar uma combinação perigosa entre chuvas torrenciais e seca extrema precoce em diferentes regiões do planeta, incluindo áreas agrícolas sensíveis.
Embora La Niña costume gerar um leve resfriamento das temperaturas globais, especialistas destacam que esse efeito tende a ser insuficiente para compensar o calor acumulado nos últimos anos. Em outras palavras: mesmo com a presença do fenômeno, o planeta deve continuar registrando valores acima da média histórica — reflexo direto do aquecimento global.
Formação moderada, mas com impactos amplos
As projeções mais recentes indicam que La Niña poderá atuar de forma leve entre dezembro e fevereiro. Segundo a OMM, há 55% de probabilidade de o fenômeno influenciar o trimestre atual, com medições no Pacífico equatorial já próximas ao limiar característico do evento.
Para o início de 2026, porém, o cenário tende a mudar rapidamente: entre janeiro e abril, a chance de retorno à neutralidade climática aumenta para 65% a 75%, o que sugere que, mesmo que La Niña se estabeleça, sua duração deve ser curta.
Esse ritmo mais breve não elimina os riscos. Pelo contrário: a transição rápida entre padrões pode intensificar extremos climáticos por períodos curtos, mas severos — especialmente em regiões agrícolas. No Brasil, áreas produtoras de grãos devem monitorar a evolução do Pacífico, tema frequentemente abordado na editoria Agro.
O que esperar dos impactos?
A atuação de La Niña costuma remodelar padrões atmosféricos, alterando regimes de chuva, pressão e vento em diversas partes do mundo. Em muitos países latino-americanos, o fenômeno está associado a chuvas intensas no norte e nordeste, ao mesmo tempo em que pode provocar estiagem mais severa no sul.
Esse desequilíbrio deve ser agravado pelo contexto de aquecimento global: mesmo fenômenos moderados passam a produzir efeitos mais drásticos devido à maior energia disponível na atmosfera.
A OMM reforça que o alinhamento entre previsões oficiais e medidas de prevenção será essencial para evitar prejuízos urbanos e ambientais — sobretudo em regiões montanhosas, litorâneas e produtoras.
La Niña: o que é e por que importa?
La Niña caracteriza-se pelo resfriamento anômalo das águas superficiais do Pacífico central e oriental. Essa variação desencadeia mudanças na circulação atmosférica tropical, provocando alterações nos padrões globais de chuva e temperatura.
O fenômeno faz parte da oscilação climática ENSO, que inclui também o El Niño e períodos neutros. A diferença é que, no contexto atual — marcado pelo aquecimento global — eventos antes considerados moderados ganham impacto ampliado, potencializando tempestades, secas e ondas de calor.
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O que governos e autoridades recomendam

Diante do cenário, autoridades mexicanas e organismos internacionais recomendam que populações e setores produtivos acompanhem comunicados oficiais e adotem medidas preventivas contra alagamentos, deslizamentos e períodos de estiagem. A orientação é reforçar sistemas de alerta, revisar infraestrutura urbana e ampliar estratégias de adaptação climática.
Mesmo que moderado e de curta duração, o fenômeno La Niña chega a um planeta já quente e vulnerável, aumentando a probabilidade de extremos climáticos. Chuvas torrenciais, secas localizadas e instabilidade atmosférica devem marcar o início de 2026, exigindo atenção especial de governos, produtores e centros de monitoramento.
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