O Memorial da Resistência, em São Paulo, e o Real Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, tornaram-se os primeiros bens culturais do Brasil incluídos na Lista Internacional de Bens Culturais sob Proteção Reforçada do Segundo Protocolo da Convenção de Haia de 1954 da Unesco, reforçando sua importância histórica e seu papel na memória contemporânea das regiões onde estão inseridos.
A classificação é destinada a locais de reconhecida relevância internacional. Embora criada para evitar danos a bens culturais em conflitos armados, a iniciativa passou a abranger espaços que preservam a memória em contextos de disputas sociais e políticas.
De acordo com a representação da Unesco no Brasil, a inclusão exige critérios como valor simbólico em pelo menos um período histórico, proteção nacional estabelecida por normas legais e garantias de que o espaço não seja usado para fins militares.
O tratado, firmado após a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu mecanismos de cooperação internacional para prevenir destruição, saques e comércio ilegal de patrimônios culturais.
Memorial da Resistência: lembrar para não repetir
O prédio que hoje abriga o Memorial da Resistência funcionou como sede do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP) entre 1939 e 1983, período marcado pela perseguição a dissidências políticas durante diferentes governos, especialmente na era Vargas e na ditadura militar.
Atualmente administrado pela Associação Pinacoteca Arte e Cultura, o espaço é dedicado à pesquisa, preservação e difusão da memória política, promovendo educação cidadã e valorização dos direitos humanos.
Segundo o comitê da Unesco, o memorial exerce papel essencial na preservação da memória política brasileira e simboliza a luta pela democracia, atuando como referência para ações de educação e salvaguarda histórica.
Inaugurado como museu em 2009, o espaço mantém visitação gratuita e reforça o compromisso com o direito à memória e a cultura de não-repetição.
Real Forte: memória colonial no coração da Amazônia
O Real Forte Príncipe da Beira, considerado a maior fortificação portuguesa construída fora da Europa, foi tombado pelo Iphan em 1950. Parte de um conjunto de 19 estruturas militares erguidas no século XVIII, foi inaugurado em 1783.
Situado a 735 quilômetros de Porto Velho, às margens do Rio Guaporé e próximo à fronteira com a Bolívia, o forte teve seu reconhecimento impulsionado por estudos acadêmicos e iniciativas locais iniciadas em 2018, que buscaram fortalecer o turismo como estratégia de preservação.
Segundo o Iphan, além de seu valor histórico, o forte integra tradições culturais do estado. No último ano, recebeu a etapa final dos festejos de Pentecostes, parte da tradicional Festa do Divino Espírito Santo, manifestação com mais de 130 anos no Vale do Guaporé e que está em processo de Registro como Patrimônio Cultural Imaterial.






















