As cotas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro completam 22 anos e seguem marcando trajetórias, como a de Henrique Silveira, ex-aluno de geografia que atribui à política pública a mudança radical em sua vida. Nascido em Imbariê, na Baixada Fluminense, ele destacou que o acesso ao ensino superior ampliou suas oportunidades e o levou à gestão pública.
Ao longo dessas duas décadas, o modelo passou por revisões e terá nova avaliação em 2028. A universidade discute uma fase que conecta egressos, reunindo histórias e dados para mapear o impacto do sistema implantado em 2003, pioneiro entre instituições brasileiras.
No encontro realizado em novembro, ex-estudantes reforçaram a relevância das ações afirmativas. A dentista Maiara Roque, que ingressou em 2013, relembrou desafios iniciais como cotista negra e ressaltou que a política impulsionou sua formação e atuação profissional.
Dados do IBGE mostram que a presença de pretos e pardos no ensino superior aumentou, ainda que permaneça inferior à dos brancos. Para muitos egressos, como o historiador David Gomes, o acesso representou uma mudança de perspectiva e abriu caminhos acadêmicos antes pouco acessíveis para moradores de regiões periféricas.
Na Uerj, o critério para cotas raciais combina autodeclaração e situação socioeconômica, modelo que já garantiu a entrada de 32 mil estudantes. Contudo, há debates sobre o limite de renda exigido, considerado baixo por parte dos ex-alunos, especialmente para a pós-graduação.
Egressos defendem a ampliação da coleta de dados, a simplificação da comprovação socioeconômica e o fortalecimento de pré-vestibulares populares. A legislação atual, de 2018, destina 20% das vagas para cotas raciais e outros 20% para estudantes de escolas públicas, permitindo que bolsas sejam acumuladas para ampliar a permanência estudantil.




















