O mês de novembro trouxe mais um sinal de alerta para os produtores de postura de São Paulo. Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que o poder de compra do avicultor frente aos principais insumos — milho e farelo de soja — sofreu nova retração, dando continuidade ao movimento de perda de margem que vem sendo observado ao longo do semestre. Em termos reais, deflacionados pelo IGP-DI, a relação de troca com o milho caiu pelo terceiro mês seguido e atingiu o menor patamar do ano. Diante do farelo de soja, a situação é ainda mais prolongada: o poder de compra recua há cinco meses e, em novembro, alcançou o nível mais baixo desde fevereiro.
Apesar desse encolhimento no curto prazo, o comparativo anual ainda oferece algum alívio ao produtor, já que a relação de troca permanece positiva. Segundo o Cepea, os avicultores registram ganhos de até 20% frente ao farelo de soja e de até 11% diante do milho na comparação com novembro de 2024, reflexo dos custos mais elevados enfrentados naquele período.
Os pesquisadores explicam que o cenário atual é consequência direta da maior oferta de ovos no mercado interno, fator que pressionou as cotações ao longo de novembro e restringiu a capacidade de compra dos produtores. Em Bastos (SP), principal polo da avicultura de postura no país, o preço do ovo branco tipo extra, a retirar (FOB), encerrou o mês com média de R$ 131,48 por caixa de 30 dúzias, recuo de 6% em relação a outubro. Para os ovos vermelhos, a queda foi semelhante: a média mensal ficou em R$ 144,98 por caixa, baixa de 5,9%.
Com insumos firmes, preços do produto em retração e oferta abundante, novembro se confirma como um mês de ajuste para o setor. A expectativa, segundo agentes consultados, é que a virada do ano traga maior equilíbrio entre oferta e demanda, permitindo ao produtor recuperar parte do poder de compra perdido ao longo do trimestre.

















