O mercado do etanol hidratado em Mato Grosso intensificou o ritmo de alta ao longo de novembro e encerra a terceira semana do mês com um avanço acumulado de 4,40% no Indicador CEPEA/Esalq, na comparação com o mesmo período de outubro. O movimento reflete principalmente a postura mais firme das usinas, que vêm segurando a oferta diante da proximidade do encerramento da safra 2025/26, criando um ambiente de preços sustentados no mercado spot.
Nas bombas, o repasse ao consumidor também já aparece de forma clara. O litro do etanol hidratado ficou, em média, 0,77% mais caro no estado ao longo de novembro, alcançando R$ 4,37 — o maior patamar registrado desde junho de 2022. A escalada coloca pressão direta no bolso do consumidor e reabre o debate sobre competitividade. Com a gasolina ganhando espaço, a paridade entre os dois combustíveis atingiu 69,22%, aproximando-se do limite de vantagem histórica do etanol (70%). Na prática, esse cenário reduz o estímulo ao consumo do biocombustível, especialmente em regiões onde o acesso ao etanol é mais limitado.
O comportamento firme das usinas é explicado por dois fatores principais. Primeiro, o ajuste natural da oferta no final da safra, período em que a moagem diminui e o etanol hidratado passa a depender mais de estoques estratégicos. Segundo, um ambiente de mercado em que muitos agentes antecipam possíveis reajustes para a entressafra, momento tradicionalmente marcado por preços mais altos. A soma desses elementos cria um cenário de cautela entre vendedores e de maior competição entre distribuidoras na hora da compra.
Esse avanço de preços também se insere em um contexto mais amplo do setor sucroenergético em Mato Grosso — estado que, embora tenha menor participação no mix nacional de etanol quando comparado a polos como São Paulo e Goiás, mantém relevância crescente na oferta regional. Mudanças climáticas ao longo da safra, oscilações nos custos de produção e a dinâmica dos combustíveis fósseis no mercado internacional são fatores que ajudam a explicar parte da volatilidade atual.
Com o etanol hidratado aproximando-se de seu maior valor em mais de três anos e a competitividade frente à gasolina cada vez mais apertada, o comportamento do mercado daqui para frente deve depender da força da demanda nas festas de fim de ano, da estratégia de estoques das usinas e do ritmo de reajuste das distribuidoras. Para o consumidor, o cenário tende a seguir de atenção redobrada — e para o setor, o fim da safra chega com preços firmes, mas com dúvidas sobre a permanência desse fôlego na virada para 2026.




















