Super-Lua de dezembro promete espetáculo raro nos céus do Brasil

Fenômeno astronômico será visível no dia 4 e deve apresentar brilho mais intenso e tamanho ligeiramente maior

Fonte: Telma Cenira Couto da Silva

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Evento ocorre quando a Lua Cheia coincide com sua maior aproximação da Terra; astrônomos destacam melhor horário para observação

Se o tempo colaborar, o céu brasileiro será palco de um espetáculo astronômico marcante na noite de 4 de dezembro. A Lua atingirá a fase cheia enquanto se encontra muito próximo do perigeu — ponto de sua órbita em que está mais perto da Terra — criando o fenômeno conhecido popularmente como Super-Lua. O brilho mais intenso e a impressão de que o satélite está maior devem atrair observadores em todo o país.

Por que será uma Super-Lua?

A designação ocorre quando a Lua Cheia coincide com sua distância inferior a 360 mil quilômetros do centro da Terra. No caso do evento de 4 de dezembro, o satélite estará a cerca de 356.965 km, uma marca que reforça o caráter especial do fenômeno.

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Embora o perigeu e o início da fase cheia raramente aconteçam ao mesmo tempo, neste mês eles estarão separados por apenas algumas horas. Em Brasília, o ponto de máxima aproximação acontece às 8h07, e a Lua entra oficialmente na fase cheia às 20h14.

Nos estados que seguem o fuso de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia — como Mato Grosso — o perigeu ocorre às 7h07 e a Lua Cheia às 19h14. A diferença entre estes horários e a referência padrão é de apenas dois minutos.

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Melhores momentos para observar o fenômeno

A Super-Lua costuma ser mais impactante no horizonte, devido a um efeito psicológico conhecido como “ilusão lunar”, que faz o astro parecer maior quando está próximo ao solo. Por isso, especialistas recomendam observar o nascer da Lua na noite de 4 de dezembro, quando ela surgirá próxima à constelação de Touro. A visão ao amanhecer nos dias 4 e 5 também promete belos registros.

O brilho diferenciado permanece perceptível por até dois dias antes e dois dias depois do ápice, embora o momento mais impressionante ocorra quanto mais perto o observador estiver dos horários exatos de perigeu e Lua Cheia.

O que muda com a Super-Lua?

Apesar do fascínio popular, cientificamente o fenômeno não altera de forma significativa o comportamento da Lua. As marés, por exemplo, ficam apenas cerca de 5 centímetros mais altas do que o habitual para uma Lua Cheia comum. Não há qualquer relação entre Super-Luas e terremotos, erupções vulcânicas ou outros eventos geológicos — um mito frequentemente reproduzido nas redes sociais.

Conforme dados do Time and Date, uma Super-Lua vista da Terra parece entre 5,9% e 6,9% maior e cerca de 16% mais brilhante do que uma Lua Cheia convencional. Em comparações com a chamada “Micro Lua” — quando o satélite está no apogeu, seu ponto mais distante — a diferença fica ainda mais evidente, podendo ultrapassar 14% de tamanho aparente e 30% de brilho.

Valorizando o céu brasileiro

No Brasil, ao contrário de países do hemisfério norte, não há tradição de dar nomes às luas cheias do ano. Costuma-se adotar terminações populares norte-americanas, como “Lua do Castor” ou “Lua do Frio”, que fazem sentido para o clima e a fauna dos Estados Unidos, mas não para a realidade sul-americana — onde as estações são invertidas.

Enquanto os norte-americanos associam dezembro ao inverno rigoroso, no Brasil o mês é marcado pelo calor e pela chuva em grande parte do território. Por isso, especialistas defendem uma identidade própria para nossas luas cheias, com referências alinhadas à natureza tropical.

Nessa proposta, a Lua Cheia de 4 de dezembro foi apelidada de “Super-Lua da Garça Branca”, ave comum no país nesta época do ano. Uma forma simbólica de valorizar a fauna nacional e reforçar a importância de observações astronômicas com contexto regional.

O fenômeno de 4 de dezembro será uma oportunidade singular para quem aprecia o céu noturno ou deseja registrar imagens marcantes da Lua. Mesmo sem impacto científico maior, a Super-Lua encanta pelo brilho reforçado e pela proximidade visual, especialmente quando vista no horizonte. Com clima favorável, o espetáculo promete um encerramento de ano especial para observadores e entusiastas da astronomia em todo o país.

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Informações repassadas ao CenárioMT por Telma Cenira Couto da Silva, doutora em Astronomia (IAG – USP) e professora aposentada da UFMT

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