O Rotary Club de Lucas do Rio Verde anunciou na última semana a suspensão temporária da coleta de lixo eletrônico no município. A decisão ocorre devido ao avanço das obras do novo barracão que será construído no bairro Industrial, ao lado da cadeia pública, onde o projeto será ampliado e executado com nova estrutura e mão de obra especializada. A iniciativa, que há anos organiza o recolhimento e a destinação correta de eletroeletrônicos, enfrenta dificuldades para manter a operação sem o apoio logístico necessário.
A presidente do Rotary, Mônica Albieri, explicou a CenarioMT que o projeto sempre teve impacto ambiental e social importante, garantindo descarte adequado e revertendo recursos para diversas ações da entidade. “O Rotary faz essa coleta há vários anos, dando destinação correta a todo esse material. Com as parcerias mais recentes, conseguimos vender o lixo eletrônico e usar o dinheiro para nossos projetos, como a compra de muletas, cadeiras de rodas, cadeiras de banho e outros equipamentos do banco ortopédico”, afirma.
Nos últimos dois anos, o clube arcou sozinho com a triagem dos resíduos, contratando diaristas para separar o material antes de vender para empresas especializadas. O volume crescente e os custos operacionais, porém, tornaram o modelo inviável. Com a nova estrutura, os reeducandos da unidade prisional irão atuar na separação dos resíduos, recebendo remuneração e remição de pena. “Isso vai otimizar o processo e agregar valor aos produtos. Hoje vendemos material a R$ 0,50 o quilo, mas com a triagem adequada podemos chegar a R$ 30 ou até R$ 50 o quilo”, destaca Mônica.
A construção do barracão já começou, mas as chuvas recentes danificaram parte da terraplanagem, o que levou à necessidade de sondagem do solo antes do início da estruturação. Toda a parte de pré-moldados já está no terreno, e as telhas foram adquiridas com recursos do Jantar Italiano de 2024, realizado pelo Rotary. “A obra segue com apoio importante da (empresa) Aço Lucas. O Tião e toda a equipe têm sido grandes parceiros nesse projeto”, ressalta a presidente.
A expectativa da entidade é que o barracão esteja operacional até janeiro de 2026, possibilitando o retorno da coleta. Até lá, o Rotary reforça que não tem condições técnicas ou legais de receber os equipamentos. Mônica explica que, inicialmente, a entidade contava com dois contêineres cedidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas a parceria foi encerrada no ano passado.
Ela lembra que a gestão dos resíduos sólidos não é responsabilidade das entidades voluntárias. “A responsabilidade é do poder público e das empresas que vendem e produzem os eletroeletrônicos. Isso está previsto na Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirma. A legislação determina que as lojas recebam os produtos descartados pelo consumidor, por meio da chamada logística reversa. “A população pode procurar qualquer loja de eletroeletrônicos da cidade. Elas têm obrigação de receber e dar destinação ambientalmente adequada”, reforça.
Mônica destaca que o projeto do novo barracão unirá os três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e financeira. Ao mesmo tempo em que promove descarte correto e educação ambiental, oferece oportunidade de profissionalização aos reeducandos e garantirá ao Rotary autonomia financeira para manter seus projetos sem depender exclusivamente de eventos e patrocínios.
“Cuidar do meio ambiente é um legado. Plantar uma árvore, descartar corretamente um equipamento eletrônico… tudo isso fica para as futuras gerações. O poder público tem seu papel, mas a sociedade também precisa assumir sua parte”, afirma a presidente.
Ela finaliza com um apelo à comunidade luverdense. “Se você quer apoiar esse projeto, nós precisamos de ajuda. E a todos que sempre nos estenderam a mão, nossa gratidão. A luta continua — porque a solução para o lixo tecnológico depende da participação de todos nós”.
