Elinaldo Fontelis Costa, acusado de mandar matar o produtor de café Arildo Batista Dalto, será julgado na próxima terça-feira em Colniza, com a sessão marcada para as 8h na Câmara de Vereadores devido à ausência de fórum na cidade. O réu responde por homicídio qualificado e pode pegar até 30 anos de prisão.
Arildo, fundador da Café Dalto e pioneiro da cafeicultura local, foi morto em 15 de fevereiro de 2024 após ser emboscado na porteira de sua fazenda. Segundo a perícia citada pela Polícia Civil, ele foi atingido por 13 disparos no crânio e no tórax, morrendo ainda no local.
Conforme informações da Polícia Civil, Elinaldo havia fugido após o crime e acabou preso meses depois, em junho daquele ano, no município de Mineiros, em Goiás. Ele era procurado por comandar a execução e por atuar com extrema violência na cobrança de dívidas, o que reforçou as suspeitas sobre sua participação no assassinato.
O inquérito aponta que Arildo foi morto por causa de uma dívida à qual não tinha qualquer ligação direta. O filho do produtor havia avalizado um cheque para ajudar um amigo, e, diante do não pagamento, Elinaldo começou a pressionar a família com ameaças de morte. As investigações indicam que a cobrança escalou até o planejamento do ataque que tirou a vida do produtor.
Além do mandante, o homem apontado como executor, Valque Mendes da Silva, permanece foragido quase dois anos após o crime. Uma terceira pessoa, suspeita de intermediar o contato entre mandante e executor, foi presa em agosto deste ano, mas as apurações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes da participação de cada envolvido.
Segundo a corporação, o homicídio foi denunciado com qualificadoras de paga ou promessa de recompensa, motivo fútil e uso de emboscada, o que dificultou qualquer possibilidade de defesa da vítima. O caso tramita como homicídio qualificado, previsto no Código Penal.
Histórico e impacto na região
Arildo, morto aos 52 anos, tinha trajetória reconhecida em Mato Grosso. Ele foi secretário de Obras de Colniza entre 2013 e 2016 e, segundo a família, coordenou a construção de centenas de pontes e a recuperação de estradas vicinais. A viúva, Ozédina Oliveira Dalto, destacou que o trabalho do marido recebeu inclusive premiações na época.
A história da família no município começou em 1999, quando o casal se mudou para investir na produção de café. A viúva relatou que a cidade ainda não tinha estrutura empresarial para comercializar o produto, e a iniciativa de Arildo transformou a atividade local, resultando na criação da primeira empresa formal de café do município, a Café Dalto.
Hoje, segundo ela, mais da metade da produção estadual vem de Colniza, reflexo direto do trabalho iniciado por Arildo. O julgamento do réu, portanto, é visto pela comunidade como um passo importante no desfecho de um caso que impactou profundamente o setor cafeeiro da região.
O júri popular da próxima semana deve definir a responsabilidade criminal do acusado, enquanto a Polícia Civil segue em busca do executor e na conclusão das investigações sobre a participação de outros envolvidos. As informações foram confirmadas pela própria corporação e por relatos da família.






















