Debret inspira mostra que revisita a história brasileira com novos olhares

Exposição no Museu do Ipiranga reúne obras de Jean-Baptiste Debret e produções inéditas de artistas contemporâneos que reexaminam a memória do Brasil Império.

Fonte: CenárioMT

Debret inspira mostra que revisita a história brasileira com novos olhares
Foto: Arte Gê Viana Divulgação

A nova mostra do Museu do Ipiranga, aberta nesta terça-feira (25), reúne trabalhos de Jean-Baptiste Debret e releituras de 20 artistas contemporâneos, incluindo obras inéditas de Rosana Paulino e Jaime Lauriano.

Resultado do desdobramento do livro Rever Debret, a exposição apresenta 35 pranchas litográficas do clássico Voyage pittoresque et historique au Brésil, produzido entre 1834 e 1839. A curadoria destaca que o artista francês retratou o país com olhar crítico, recusando visões idealizadas e registrando a violência e a desigualdade do período escravocrata.

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Debret acompanhou a transformação da antiga colônia portuguesa em império entre 1816 e 1831, documentando o cotidiano no Rio de Janeiro e o papel central dos escravizados na construção do país. Os curadores ressaltam que o autor rompeu com representações superficiais ao colocar figuras negras em protagonismo, algo incomum nas obras da época.

Releituras contemporâneas

A segunda parte da mostra reúne artistas como Gê Viana, Dalton Paula e Isabel Löfgren & Patricia Goùvea, que revisitam as imagens históricas para questionar narrativas dominantes e refletir sobre heranças estruturais da escravidão. As obras utilizam técnicas diversas, como fotografia, vídeo, instalação, pintura e gravura, evidenciando a pluralidade da produção atual.

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Segundo a direção do museu, as exposições recentes buscam interpretar o passado a partir das perguntas contemporâneas, destacando formas de violência e resistência que moldaram o Brasil.

As imagens de Debret, amplamente difundidas em livros didáticos e objetos cotidianos, ganharam novos sentidos ao longo do tempo, muitas vezes descolados do contexto original. A curadoria alerta que essa descontextualização acabou reforçando leituras romantizadas da escravidão.

Obras de Debret

Os primeiros painéis são dedicados aos povos indígenas, seguidos por registros detalhados do trabalho escravo em várias funções, revelando a amplitude de tarefas desempenhadas por essas pessoas — de atividades domésticas a serviços técnicos.

As obras expõem uma sociedade profundamente desigual, marcada pela violência e pela exploração. A curadoria destaca que revisitar Debret permite compreender permanências históricas que ainda influenciam a sociedade brasileira.

Obras inéditas

Entre os destaques, Rosana Paulino apresenta Paraíso Tropical, criação que revisita a imagem idílica do Brasil para evidenciar um território moldado pelo extrativismo e pela exploração da natureza. Já Jaime Lauriano expõe a instalação Brasil através do espelho, que aborda temas como etnocídio e democracia racial, além da série Justiça e Barbárie, com fotografias de violência coletadas em meios de comunicação.

As produções tensionam passado e presente, questionando rupturas e permanências nas dinâmicas sociais. A mostra inclui ainda obras de diversos artistas, além de uma sala dedicada ao desfile da escola Acadêmicos do Salgueiro em 1959, registrado por Marcel Gautherot.

A exposição permanece aberta ao público até 17 de maio do próximo ano, de terça a domingo, das 10h às 17h.

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