A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver volta a Brasília nesta terça-feira (25), dez anos após sua primeira edição, reunindo participantes em defesa de justiça social, reparação histórica e condições dignas de vida. A mobilização recebe mulheres de todos os estados e de dezenas de países, com expectativa de superar o público registrado em 2015.
De São Paulo, ao menos 13 caravanas seguem para a capital federal, reunindo mais de 350 mulheres, em um processo organizado desde agosto do ano passado. Integrante do comitê nacional, Iyáloriṣà Adriana t’Ọmọlú destaca que a construção do evento sempre foi coletiva e representa a força da atuação conjunta dos movimentos de mulheres negras.
Adriana relembra que participou dos bastidores da primeira Marcha, mas não conseguiu viajar por questões de saúde. Agora, leva para Brasília as experiências acumuladas e valores que considera essenciais, como o matriarcado, o cuidado e a coletividade. Ela reforça que a realização de um evento dessa dimensão exige grande esforço logístico e financeiro.
Segundo a organização, garantir a presença das mulheres é um dos maiores desafios, já que muitas trabalham durante a semana ou são mães solo. Isso exige estrutura adequada na capital, incluindo alimentação, alojamento e segurança durante toda a caminhada.
Ajuda
Para viabilizar a participação em massa, o comitê contou com apoio de emenda parlamentar, que ajudou a custear o transporte. Das 350 mulheres previstas, 70 viajarão de avião, enquanto as demais seguirão em cinco ônibus — um deles cedido pelo sindicato de especialistas em educação do ensino público municipal.
A viagem aérea foi priorizada para mulheres idosas, com mobilidade reduzida, deficiência ou restrições profissionais, além de mães de crianças pequenas.
Marcha sem fim
Para Adriana, o simbolismo da Marcha se conecta à luta histórica das mulheres negras por dignidade, reparação e afirmação cultural. Ela cita o avanço do conservadorismo e da extrema direita como fatores que tornam o momento ainda mais decisivo.
A organizadora ressalta que o compromisso do movimento vai além do dia da caminhada: envolve garantir segurança no retorno aos territórios e a continuidade da luta cotidiana pela sobrevivência e pelo direito de existir.





















