A combinação de chuvas irregulares no Brasil, relatos de replantio em várias regiões e a expectativa de um mercado internacional mais aquecido em 2026 levou produtores a reduzirem o ritmo de comercialização da soja em grão na última semana. O comportamento mais cauteloso dos vendedores diminuiu a liquidez no mercado spot nacional, mas acabou puxando os preços para cima, conforme indica levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Pesquisadores do Cepea explicam que os sojicultores têm evitado firmar novos negócios diante das incertezas climáticas — especialmente em áreas que já registram necessidade de replantio — e da perspectiva de preços mais remuneradores à frente, caso se confirme uma demanda internacional mais forte no próximo ano.
O movimento de alta também foi sustentado por projeções divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apontam para uma redução da oferta global. A combinação entre menor produção e avanço do consumo na safra 2025/26 deve levar a relação estoque/consumo ao menor nível dos últimos três ciclos, cenário que tende a manter o mercado mais firme.
Farelo em alta, óleo perde fôlego
Além da valorização do grão, o farelo de soja seguiu com demanda aquecida, sustentando os preços domésticos. Indústrias e setores compradores continuam ativos, especialmente diante da necessidade de reposição e da boa competitividade do derivado no mercado interno.
O óleo de soja, por outro lado, registrou um ritmo mais lento de negociações. Parte das usinas de biodiesel sinalizou estar abastecida para o médio prazo, o que reduziu a pressão compradora e estabilizou os preços.
O cenário reforça que o mercado da soja segue em compasso de atenção, dividido entre o impacto das adversidades climáticas no Brasil e as expectativas de oferta mais restrita no cenário internacional.
