Um adolescente de 17 anos foi apreendido na tarde de sexta-feira (21), em Sinop (MT), depois de admitir que participou das execuções de quatro membros do Comando Vermelho, mortos por ordem da própria facção. A ação, conforme a Polícia Militar, ocorreu durante abordagem no bairro Nico Baracat e levou à detenção imediata do jovem.
A apreensão aconteceu quando equipes da Força Tática flagraram o menor e outro rapaz, de 19 anos, circulando perto de uma área de mata. Ao perceberem a viatura, os dois correram e arremessaram objetos no chão, mas acabaram alcançados após perseguição a pé. Com a detenção, os militares descobriram que o adolescente estava diretamente ligado ao triplo homicídio atribuído à facção.
Segundo o relato feito aos policiais, o jovem foi chamado para integrar o grupo designado a capturar, executar e abandonar os corpos de integrantes do próprio Comando Vermelho considerados responsáveis pelo latrocínio que tirou a vida do motorista de aplicativo Luciano Alves da Silva, de 20 anos. Ele havia sido encontrado morto dias antes em uma área de mata do município.
As execuções ocorreram um dia após o corpo do motorista ser localizado. As vítimas — Gabriel Silva dos Santos (16), Wilha dos Santos Galvão (17), Igor Silva Sousa (18) e Lucas Rafael Martignago (33) — foram deixadas em regiões de mata com mãos e pés amarrados. Junto a elas, um bilhete reforçava a motivação do crime com a frase: “Não rouba na quebrada. Não maltrata morador. Vida inocente paga com vida.”
De acordo com as investigações, o Comando Vermelho reagiu ao assassinato de Luciano, considerado “trabalhador e inocente”. O adolescente afirmou ainda que o grupo utilizou dois revólveres, que teriam sido repassados a outro membro responsável pelo arsenal da facção no local conhecido como Complexo, na região da Grande São Cristóvão. O depoimento fortaleceu a linha de investigação conduzida pela Delegacia de Homicídios.
O rapaz de 19 anos detido com o menor negou envolvimento nas mortes, mas disse ser colaborador da facção. Ele contou aos policiais que tentou fugir porque devia R$ 2.500 ao Comando Vermelho, após não repassar valores de vendas de drogas que teria recebido para distribuir.
A Polícia Civil prossegue com a apuração para confirmar a participação de outros envolvidos e localizar as armas mencionadas. A delegacia responsável também deve aprofundar as circunstâncias do latrocínio que antecedeu as execuções, etapa considerada essencial para entender toda a dinâmica da ação criminosa. As informações foram divulgadas pela Polícia Militar e pela Delegacia de Homicídios do município.
