O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na Cúpula do G20 em Joanesburgo, a criação de um novo modelo econômico baseado na transição energética e na resiliência climática. Ele destacou que o grupo reúne as principais economias do mundo e, por isso, tem papel decisivo na redução de riscos de desastres e no enfrentamento da crise ambiental.
Durante o discurso, Lula afirmou que o G20 responde por grande parte das emissões globais e precisa liderar o esforço para afastar o planeta dos combustíveis fósseis. Ele lembrou ainda que, sob a condução do Brasil, as nações avançam nas discussões da COP30, embora representantes da sociedade civil apontem falta de ambição nas metas climáticas.
Entre os pontos mais criticados, está a ausência de um plano claro para a eliminação gradual do petróleo e do carvão, tema defendido pelo governo brasileiro. Lula reiterou que a mudança do clima deve ser tratada como um desafio econômico e ressaltou a importância de investimentos de longo prazo para prevenção e resposta a desastres, conforme documento aprovado sob liderança sul-africana.
Ele reforçou que sistemas de alerta precisam ser acompanhados de infraestrutura preparada para eventos climáticos mais severos. Segundo Lula, cada investimento em adaptação gera retorno significativo em prejuízos evitados e benefícios sociais.
O presidente também associou resiliência ao combate à fome e à pobreza, afirmando que populações vulneráveis não podem seguir como as principais vítimas da crise climática. Na COP30, o Brasil lançou a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, com foco em proteção social, apoio a pequenos produtores e alternativas sustentáveis para comunidades de florestas.
Ao abordar o crescimento inclusivo, Lula propôs a taxação de super-ricos e a renegociação de dívidas de países pobres em troca de investimentos em desenvolvimento e clima. Ele apoiou a criação de um painel internacional sobre desigualdade, inspirado no modelo científico usado para mudanças climáticas.
O encontro também revisitou o papel do G20 desde sua criação em 1999 e sua evolução para fórum político após a crise de 2008. A presidência sul-africana de 2025 estrutura o trabalho do grupo em prioridades como resiliência a desastres, sustentabilidade da dívida pública, financiamento para transição energética e minerais críticos como motores de crescimento.
Em compromissos paralelos, Lula manteve agenda bilateral com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que elogiou a participação social na COP30. Ambos destacaram que os avanços da conferência e da cúpula fortalecem o multilateralismo e discutiram a ampliação de acordos comerciais.
No domingo, Lula continua a agenda em Joanesburgo em sessões sobre minerais críticos, trabalho decente e inteligência artificial. Ainda estão previstos encontros no âmbito do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul. Depois, o presidente segue para Moçambique, em viagem que celebra 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.



















