Pantera lidera trajetória cultural de Sinara Rúbia no Muhcab

A diretora do Muhcab, Sinara Rúbia, revisita sua caminhada artística e política, marcada por performances que ganharam projeção nacional.

Fonte: CenárioMT

Pantera lidera trajetória cultural de Sinara Rúbia no Muhcab
Pantera lidera trajetória cultural de Sinara Rúbia no Muhcab - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A diretora do Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Sinara Rúbia, mantém na sala onde trabalha apenas plantas de proteção espiritual, enquanto relembra sua trajetória dedicada à valorização de narrativas negras. Filha de Iansã, atriz e educadora, ela aborda os caminhos que a levaram ao comando do principal espaço cultural voltado à história afro-brasileira no Rio de Janeiro. Sinara cresceu em Itaperuna, enfrentou episódios de racismo em Petrópolis e encontrou no movimento de mulheres negras a base para sua atuação política e artística.

Foi no Grupo Cultural Balé das Iyabás que surgiu a performance inspirada no Partido dos Panteras Negras, que Sinara levou às ruas em 2014, durante o carnaval carioca. O ato incluía uma réplica de metralhadora, em referência ao movimento norte-americano da década de 1960. A apresentação chamava atenção do público e exaltava referências como Angela Davis e Carolina Maria de Jesus.

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A performance ganhou repercussão nacional em 2015, durante a I Marcha das Mulheres Negras, em Brasília, quando o grupo se apresentou novamente, mas desta vez Sinara substituiu a arma por uma espada, símbolo de sua orixá. A mudança ocorreu após relatos de mães negras que associavam a arma à letalidade policial.

“Eu sou uma pantera negra do meu tempo”, afirma Sinara, que destaca sua atuação como educadora e pesquisadora. Em 2015, ela participou da marcha marcada por um incidente quando tiros foram disparados para o alto por policiais civis. Mesmo com avanços sociais, ela ressalta que mulheres negras ainda enfrentam as maiores desigualdades no país.

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À frente do Muhcab há três anos, Sinara reforça o papel do museu na preservação da memória afro-brasileira, destacando elementos como a redescoberta do Cais do Valongo e manifestações culturais de matriz africana. Para ela, conduzir uma gestão comprometida com o enfrentamento ao racismo é uma forma de reparação histórica.

Na semana do Dia da Consciência Negra, ela inaugurou, ao lado da arquiteta Gisela de Paula, a galeria Espaço Berê, dedicada a obras que dialogam com ancestralidade e afeto. Sinara defende que a arte deve integrar a vida comunitária e contribuir para reconstruir memórias apagadas pelo colonialismo.

O próximo passo da gestora será em Brasília, no dia 25, onde voltará a erguer sua espada de Iansã em nova intervenção artística. Para ela, o movimento continua — e os ventos seguem favoráveis.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.