O prejuízo imediato para o produtor rural foi significativo: dezenas de animais desapareceram, interrompendo a rotina de um estabelecimento no distrito de Serra Dourada e trazendo impacto direto à pecuária local. A mobilização policial teve reflexos também para a segurança no campo.
Na manhã do dia 21 de outubro, foi registrado um boletim de ocorrência informando o furto de 117 cabeças de gado — das raças Nelore e Anelorado — em uma fazenda situado na zona rural de Canarana, em Mato Grosso. Conforme divulgado pela Polícia Civil, a partir desse comunicado foi desencadeada uma investigação imediata.
As equipes envolvidas — da Delegacia de Canarana, do Batalhão Rural da PM de Goiás, com apoio da Agência Regional de Inteligência de Água Boa e da Delegacia de Ribeirão Cascalheira — mantiveram diligências por mais de 48 horas sem interrupção.
Desdobramentos da operação
Ao final desse período, os investigadores localizaram e recuperaram 76 animais retirados da propriedade: 74 novilhas e 2 equinos. Junto aos semoventes também foram apreendidos rádios comunicadores, munições calibre 22, documentos com anotações que sugerem a atuação de uma quadrilha, além de um veículo que teria servido como batedor para a carreta que transportou os animais.
“A integração entre as forças policiais tem sido determinante para o enfrentamento qualificado dos crimes patrimoniais no meio rural. Este resultado demonstra a eficiência do trabalho técnico e a dedicação dos profissionais envolvidos na proteção da sociedade”, declarou o delegado Diogo Jobane Neto, da Delegacia de Canarana, coordenador da operação.
Contexto e repercussão no campo
Apesar da excelente recuperação parcial, o crime permanece sob investigação com o objetivo de identificar todos os envolvidos e responsabilizá-los criminalmente. A subtração de semoventes em ambiente rural, conhecida como abigeato, é tipificada no art. 155 §6º do Código Penal Brasileiro — de modo que a pena para quem pratica esse tipo de furto varia entre dois e cinco anos de reclusão.
Ainda que o levantamento não apure especificamente esta localidade, um dado estadual indica que entre janeiro e maio de 2024 houve queda de 82% nos roubos de gado em Mato Grosso, frente ao mesmo período de 2023 — o que destaca tanto o desafio quanto o progresso na segurança rural.
Para o produtor afetado, a retirada de 117 cabeças de gado representa não só perdas imediatas, mas também potencial impacto na reprodução do rebanho, no planejamento produtivo e na credibilidade de mercado. Em uma região onde a pecuária é base econômica, a sensação é de vulnerabilidade: pastos silenciosos, caminhões circulando em horários incomuns, animais desaparecendo no escuro.
Também chama atenção a logística utilizada: o uso de rádios comunicadores, munições e veículo-batedor revela um modus operandi mais estruturado — o que sugere a ação de uma organização criminosa bem articulada, e não de vandalismo isolado.
Para produtores rurais da região de Canarana e municípios vizinhos, o episódio reforça a importância de vigilância ativa, registro imediato de ocorrências e integração com as forças de segurança. A adoção de sistemas de videomonitoramento, controle de marcações de gado, rastreamento e sistema de denúncia se mostra cada vez mais imprescindível.
Em complemento, cabe destacar que o prejuízo causado por furtos e roubos de gado no país ultrapassa a marca de bilhões de reais por ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) — o que reforça que cada caso local carrega impacto muito maior para a economia regional.
Para produtores que desejam colaborar ou relatar informações sobre este tipo de crime, o contato direto com a Delegacia de Canarana, ou com o telefone de denúncia rural da PM é fundamental. O engajamento da comunidade e a comunicação imediata ajudam a reduzir perda irreparável e a dar suporte técnico-jurídico para a apreensão de bens e responsabilização dos autores.
Esta reportagem foi baseada em informações divulgadas pelas forças de segurança pública. As operações e dados foram forneidos pela Polícia Civil de Mato Grosso juntamente com a Polícia Militar de Goiás.
