Os preços do arroz em casca no Brasil registraram, na última semana, a maior queda desde meados de junho, retornando aos patamares nominais observados em maio deste ano. De acordo com levantamento realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o mercado foi marcado por uma retração significativa de compradores no spot, o que resultou em ofertas com valores bem inferiores aos praticados nas semanas anteriores.
Apesar de tentarem resistir à pressão dos compradores, os vendedores não conseguiram sustentar os preços, prevalecendo o movimento de desvalorização. O cenário reflete uma espécie de “queda de braço” entre os agentes do mercado, caracterizada pela intensificação da pressão compradora em meio a um contexto de maior oferta no curto prazo.
Pesquisadores do Cepea destacam que o ritmo acelerado do cultivo da nova safra de arroz tem desempenhado um papel importante nessa redução de preços, ao gerar expectativas de maior disponibilidade do produto nos próximos meses. Além disso, a divulgação de leilões de opções de venda por parte do governo, envolvendo grãos da nova temporada, contribuiu para reforçar as pressões sobre o mercado. Esses leilões apresentam valores significativamente abaixo dos registrados atualmente, o que alimenta a perspectiva de continuidade na redução dos preços.
A dinâmica recente evidencia a fragilidade do mercado diante de fatores estruturais, como o avanço das atividades de plantio, e conjunturais, como as ações governamentais para regulação de estoques e preços. Embora o bom ritmo das lavouras traga sinais positivos para a próxima safra, a desvalorização atual desafia produtores que precisam lidar com margens mais apertadas em um momento de transição entre safras.
Analistas apontam que, nos próximos meses, o comportamento climático e a intensidade das operações de venda poderão ser determinantes para definir a direção dos preços do arroz em casca no país. O mercado segue atento tanto às movimentações dos compradores quanto às reações dos produtores, especialmente em um ambiente de incertezas quanto à demanda doméstica e internacional.