A história de Mato Grosso é intrinsecamente ligada à luta e à resistência dos povos negros. Desde a época da escravidão, negros e negras moldaram a cultura, a sociedade e a economia do estado. Nomes como Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo do Quariterê, um dos maiores do Brasil, e Jéjé de Oyá, ícone das festas da alta sociedade cuiabana, são apenas alguns exemplos da rica história negra mato-grossense.
Seus feitos, muitas vezes silenciados, são fundamentais para compreender a formação do estado e inspiram as novas gerações a seguirem seus passos na luta por igualdade e justiça.
Pessoas negras em Mato Grosso
A contribuição dos negros para a cultura mato-grossense é inegável. Danças como o Siriri e o Cururu, que fazem parte do patrimônio cultural do estado, carregam fortes influências africanas.
A culinária, a música e a religiosidade também foram profundamente marcadas pela presença negra. Apesar dos desafios enfrentados ao longo da história, os negros mato-grossenses construíram um legado de resistência e resiliência, que continua a inspirar e a transformar a sociedade.
Quem foram os negros que fizeram história em Mato Grosso
Para comemorar a trajetória de cada uma dessas personalidades inspiradoras, comemorando o dia da Consciêna Negra, a redação do CenárioMT homenageia de forma simbólica, contando as histórias de algumas dessas pessoas que mudaram a trajetória do Estado.
Tereza de Benguela
No coração do Pantanal, onde a natureza se mostra em sua exuberância mais selvagem, viveu uma mulher que desafiou os limites da época e se tornou um símbolo de resistência: Tereza de Benguela.
Líder do Quilombo do Quariterê, o maior do Mato Grosso, ela governou com sabedoria e coragem, construindo uma sociedade livre em meio à escravidão.
Sua história, marcada por batalhas, estratégias militares e uma profunda conexão com a terra, nos inspira a buscar a liberdade e a justiça, mesmo diante das maiores adversidades.
Zé Bolo Flô
Poeta que vendia bolos no centro de Cuiabá e recitava suas poesias para as donas de casa. Era semianalfabeto, mas os alunos do Liceu Cuiabano o ajudavam a escrever.
Morreu no hospital psiquiátrico Adalto Botelho, considerado louco, com pouco mais de 50 anos. Em sua homenagem, foi criado o Parque Estadual Zé Bolo Flô.
Jéjé de Oyá
Colunista que fez sucesso nas grandes festas da alta sociedade de Cuiabá. Era famoso por suas roupas coloridas, com referências africanas, e humor ácido.
Faleceu em 2016 e um ano após a sua morte foi nomeado pelo governo do estado como o Patrono do Colunismo Social em Mato Grosso.
Maria Taquara
Em meio ao tradicionalismo de Cuiabá, Maria Taquara se destacou como um símbolo de empoderamento feminino.
Ao ousar usar calças em uma época em que as mulheres eram submetidas a rígidos padrões de comportamento, ela desafiou as convenções sociais e inspirou outras mulheres a buscarem sua liberdade.
Sua imagem, imortalizada em uma estátua no centro da cidade, é um lembrete constante de que a luta por igualdade é um processo contínuo.
Mãe Bonifácia
Mãe Bonifácia é um nome que ecoa na história de Cuiabá, representando um símbolo de resistência, solidariedade e força feminina.
Embora os detalhes de sua vida sejam um tanto nebulosos, envoltos em lendas e mitos, sua figura se tornou icônica na cidade, sendo homenageada com um parque estadual que leva seu nome.
As informações sobre Mãe Bonifácia são dispersas e muitas vezes contraditórias. Algumas fontes a descrevem como uma escrava, outras como uma mulher livre, e ainda há quem a veja como uma curandeira. O que se sabe com certeza é que ela era uma figura respeitada e querida em Cuiabá, especialmente entre os mais necessitados.
Dona Eulália
Nascida em 13 de janeiro de 1934, em Cuiabá, Dona Eulália desde jovem demonstrou um amor pela cozinha. Sua jornada profissional começou de forma humilde, preparando bolinhos de arroz em casa para complementar a renda da família. Com o tempo, seus quitutes ganharam fama, e ela decidiu transformar sua paixão em negócio.
Em 1956, Dona Eulália começou a vender seus famosos bolinhos de arroz, conquistando o paladar dos cuiabanos com sua receita especial. A fama se espalhou rapidamente, e em pouco tempo ela se tornou uma referência na culinária local.