O coração do agronegócio brasileiro, Mato Grosso, está passando por uma transformação silenciosa. A oferta de fazendas à venda no estado tem crescido de forma exponencial, colocando à disposição do mercado extensas áreas de terra, principalmente voltadas para a pecuária.
Um levantamento inédito da plataforma Chaozão revelou um cenário surpreendente. Municípios como Cocalinho, com seus 16.538 km², têm quase um terço de seu território anunciado para venda.
A situação se repete em Primavera do Leste e Paranatinga, onde, respectivamente, 23% e 13% do território estão disponíveis para novos proprietários.
O que está por trás desse fenômeno?
A oferta massiva de terras no Mato Grosso é resultado de uma combinação de fatores, como:
- Consolidação do agronegócio: A consolidação de grandes grupos no setor tem levado à concentração de terras e à venda de propriedades menores.
- Mudanças climáticas: A irregularidade das chuvas e a degradação ambiental têm impactado a produtividade, levando alguns proprietários a desistir da atividade.
- Crise econômica: A instabilidade econômica e a alta dos custos de produção têm pressionado os pequenos e médios produtores, forçando-os a vender suas propriedades.
Um novo mapa do agronegócio
Essa nova dinâmica no mercado de terras está reconfigurando o mapa do agronegócio mato-grossense. A venda em massa de fazendas levanta questões importantes sobre o futuro da produção agrícola no estado, como:
- Quem são os novos compradores? Investidores nacionais e estrangeiros estão de olho nas oportunidades de compra, buscando terras para produção de commodities ou para especulação.
- Quais os impactos ambientais? A expansão da fronteira agrícola pode gerar pressão sobre áreas de preservação ambiental e intensificar os conflitos por terra.
- Qual o futuro da agricultura familiar? A concentração de terras pode prejudicar a agricultura familiar, que desempenha um papel fundamental na produção de alimentos e na geração de emprego.
O Pantanal: um caso à parte
Enquanto no restante do estado a venda de terras é intensa, no Pantanal a situação é diferente. Devido às características únicas do bioma, a compra e venda de propriedades se restringe ao povo local, que conhece as especificidades da região e as práticas de manejo adequadas.
A venda em massa de fazendas no Mato Grosso é um fenômeno que merece atenção. É preciso discutir os impactos dessa transformação e buscar soluções para garantir a sustentabilidade do agronegócio e a preservação do meio ambiente.