A recente demissão de professores contratados da rede pública em Lucas do Rio Verde antes do fim do contrato tem causado indignação entre educadores, alunos e seus familiares. Cerca de 30 profissionais foram desligados em novembro, em uma decisão que o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) considera precipitada e danosa para a comunidade escolar. A presidente do Sintep, professora Márcia Bottin Barbosa, questionou a medida, argumentando que foi um ato “irresponsável” e que “pegou a todos de surpresa”.
“A categoria ficou desnorteada em todos os sentidos. As escolas se viram em caos: alunos sem aula, salas de aula vazias e uma confusão instalada entre gestores e comunidade,” declarou Barbosa, durante uma assembleia extraordinária nesta segunda-feira (04) realizada para debater o tema.
Segundo ela, muitos dos professores desligados terão de enfrentar um período de seis meses sem trabalhar, uma condição imposta pela legislação aprovada em março pela Câmara de Vereadores.
“Agora já serão oito meses sem trabalho, e muitos desses profissionais estão até pensando em deixar a cidade, o que só vai agravar a falta de professores,” destacou.
A situação se agrava pela forma repentina do desligamento. Segundo Barbosa, a medida foi tomada sem aviso prévio ou diálogo com os gestores escolares, o que resultou em uma série de escolas sem professores suficientes para atender a demanda.
“Houve denúncias de que monitores estão sendo obrigados a assumir salas de aula, o que não faz parte de suas atribuições. Professores foram chamados para conversar com a gestão e, ao invés de poderem retomar suas atividades, foram informados do desligamento imediato,” apontou a presidente do Sintep.
Convocação de professores aprovados em concurso de Lucas do Rio Verde
A justificativa dada pela administração municipal para as demissões foi a convocação de profissionais concursados, algo que o próprio sindicato vinha cobrando há meses. No entanto, Barbosa considera o momento dessa convocação inadequado e danoso, principalmente pela falta de planejamento.
“Cobrávamos a convocação de concursados, mas a troca deveria ter sido feita ao fim do ano letivo, não em novembro. Não foi uma atitude pensada ou responsável, pelo contrário. E, infelizmente, isso demonstra a falta de respeito pela categoria dos profissionais da educação,” criticou.
A presidente do Sintep também abordou uma possível retaliação sindical, mencionando que a forma como alguns profissionais foram desligados indica, em sua visão, uma conduta antissindical. Segundo Barbosa, o sindicato já havia sinalizado a necessidade de diálogo sobre a aplicação da nova lei e a possibilidade de evitar o longo período de afastamento dos professores. “A impressão é que foi retaliação, pois muitos dos que foram desligados estavam pedindo para continuar trabalhando e solicitando esclarecimentos sobre a lei de afastamento de seis meses,” afirmou.
Com escolas sentindo os efeitos da falta de professores, e a perspectiva de um final de ano letivo prejudicado, os profissionais da educação, com o apoio do Sintep, já estão mobilizados. Na próxima sexta-feira, haverá um ato em frente à prefeitura de Lucas do Rio Verde, com o intuito de protestar contra o que a categoria considera uma “falta de consideração com os educadores”.
“Não vamos aceitar que o profissional de educação seja tratado dessa forma. Vamos lutar para que o respeito e o valor desses trabalhadores sejam reconhecidos,” concluiu a presidente do Sintep.
A mobilização promete chamar a atenção para a situação, e o sindicato segue buscando o diálogo com representantes municipais para buscar uma solução mais adequada e que respeite os direitos dos educadores e os interesses dos alunos.