Em um cenário alarmante, os beneficiários do Bolsa Família no Brasil gastaram R$ 3 bilhões em apostas eletrônicas em agosto de 2024, conforme dados divulgados pelo Banco Central a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM). Esse montante foi transferido via Pix para casas de apostas, levantando preocupações sobre o impacto das apostas nas finanças de famílias vulneráveis.
Segundo a análise do Banco Central, cerca de 5 milhões de beneficiários, de um total de 20 milhões, participaram desse movimento, com um gasto médio de R$ 100 por apostador. Dos 5 milhões, 70% são chefes de família, que, em apenas agosto, transferiram R$ 2 bilhões, representando 67% do total gasto.
O relatório abrange tanto apostas em eventos esportivos quanto em cassinos virtuais, mas é possível que o volume real de apostas seja ainda maior, uma vez que os dados consideram apenas transações via Pix, desconsiderando outras formas de pagamento, como cartões de crédito e transferências eletrônicas diretas.
O Banco Central também destacou que o gasto mensal da população em apostas eletrônicas varia entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. Em agosto, o total de transferências para as casas de apostas chegou a R$ 20,8 bilhões, mais de dez vezes o R$ 1,9 bilhão arrecadado pelas loterias oficiais da Caixa Econômica Federal.
Enquanto isso, o Bolsa Família desembolsou R$ 14,12 bilhões a 20,76 milhões de beneficiários em agosto, resultando em um valor médio de R$ 681,09 por família.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em um evento em São Paulo, expressou sua preocupação com o aumento das apostas, que triplicaram desde janeiro. Ele destacou que esse comprometimento da renda, especialmente entre as camadas mais pobres, pode afetar a qualidade do crédito e aumentar a inadimplência.
“A correlação entre pessoas que recebem Bolsa Família e o aumento das apostas tem sido bastante grande. O crescimento das transferências via Pix para essas plataformas foi notável”, afirmou Campos Neto, enfatizando a necessidade de atenção ao assunto.
Recentemente, o Ministério da Fazenda anunciou a suspensão das apostas que não solicitarem autorização para operar no país até 30 de setembro. O ministro Fernando Haddad reconheceu que o Brasil enfrenta uma “pandemia de apostas on-line” e destacou a urgência de regulamentação.
Regulamentação das Bets
“A regulamentação é essencial para enfrentar essa questão da dependência psicológica dos jogos. Precisamos tratar isso como entretenimento e combater toda forma de dependência”, concluiu Haddad.
Essa situação reflete um desafio crescente no Brasil, onde a popularidade das apostas eletrônicas tem gerado preocupações sobre o impacto social e econômico, especialmente entre as populações mais vulneráveis. A urgência em regulamentar esse setor se torna cada vez mais evidente, à medida que os dados revelam o quanto as apostas estão se infiltrando na vida cotidiana dos beneficiários de programas sociais.