Mesmo após o corte de 22% no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o programa espacial brasileiro é uma “prioridade do governo”, afirmou ao G1 o novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Thyrso Villela.
Villela passou ao comando da agência após o presidente anterior, Marco Antônio Raupp, assumir o Ministério, em janeiro.
Segundo ele, apesar do corte no MCTI, o repasse de R$ 2,2 bilhões do governo federal para investimentos até 2015 no setor — previsto no Plano Plurianual 2012-2015 — mostra que interesse governamental no espaço aumentou.
O valor é 16,4% superior ao montante repassado entre 2008-2011 (R$ 1,89 bilhão) — mas não chega a ser nem 10% do valor que a agência espacial americana (Nasa) vai receber do governo dos Estados Unidos para investimentos apenas em 2012 (R$ 32,5 bilhões), mesmo com uma redução de gastos devido à crise.
Em 2012, a agência brasileira pode investir o montante de R$ 327,5 milhões.
De acordo com Villela, o país não vai atrasar mais o lançamento do satélite Cbers 3, que deveria ter acontecido há três anos e está agora previsto para voar em novembro. Quarto satélite do projeto feito em parceria com a China, ele deve fazer um monitoramento da superfície da Terra para uso em em projetos de gerenciamento agrícola e licenciamentos ambientais.
Segundo ele, o programa Cbers é “prioridade zero” da agência, ao lado do desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e da modernização da base de lançamentos de Alcântara (MA). O custo total desses projetos é de R$ 640,7 milhões.
Imprevistos e desenvolvimento tecnológico
Villela afirma que os atrasos nesses projetos ocorreram devido a “imprevistos” já solucionados, como no caso do Cbers 3. “Tivemos problemas no sistema de controle, em alguns subsistemas e também a indústria brasileira não produzia algumas peças. Mas agora o satélite está pronto e passa por fase de testes na China. A previsão de lançamento é novembro deste ano”, disse.
Ele ressalta que a participação do país no projeto aumentou de 30% para 50%, o que exigiu investimentos em pesquisa. Os satélites do programa Cbers portam câmeras que captam imagens da Terra, distribuídas gratuitamente pelo Inpe. O Cbers 4, que tem pouca diferença do modelo 3, tem previsão de lançamento para 2014.
Segundo Villela, testes experimentais com protótipos do VLS já estão em curso no Rio Grande do Norte e os primeiros estágios do foguete passarão a ser testados em 2013.
Em fevereiro, o ministro Raupp afirmou que, se tudo desse certo, a fabricação do foguete completo deveria acontecer a partir de 2018.