Preços da uva negra sem semente sobem em julho, mas início de agosto aponta para queda no Vale do São Francisco

Apesar da rentabilidade positiva ao longo de 2024, aumento da oferta começa a pressionar preços para baixo, gerando preocupação entre produtores

Fonte: CenárioMT

uva sem semente
Foto: Valtair Comachio / Embrapa

Os preços da uva negra sem semente no Vale do São Francisco, região que abrange os estados de Pernambuco e Bahia, registraram um aumento de 7,4% em julho, comparado ao mês anterior. Segundo dados do Hortifrúti/Cepea, a variedade foi comercializada a R$ 6,52/kg em média, um valor 62% acima do custo de produção estimado. Essa valorização garantiu uma rentabilidade positiva para os produtores ao longo de 2024, com todos os meses do ano apresentando cotações superiores aos gastos operacionais.

Apesar do desempenho favorável até julho, o cenário começa a mudar no início de agosto. Os preços da uva negra sem semente começaram a cair, com relatos de vendas ocorrendo abaixo de R$ 5,00/kg, o que pode comprometer a margem de lucro dos produtores. De acordo com pesquisadores do Hortifrúti/Cepea, essa desvalorização é atribuída ao aumento da oferta de uvas na região, resultando em excedentes nos estoques.

A situação atual no Vale do São Francisco

O Vale do São Francisco é uma das regiões mais importantes para a produção de uvas no Brasil, conhecida por suas condições climáticas favoráveis e alta tecnologia aplicada na agricultura. No entanto, o aumento significativo na produção neste ano gerou um excedente de oferta que está pressionando os preços para baixo.

Segundo os especialistas, a alta produção e a consequente saturação do mercado interno têm levado os produtores a enfrentar desafios na comercialização das uvas. Embora o mercado tenha se mantido acima dos custos de produção até agora, a tendência de queda nos preços acende um alerta para os agricultores, que podem ver suas margens de lucro diminuírem se os valores continuarem a cair.

Desafios e perspectivas para os produtores

A situação atual apresenta um dilema para os produtores do Vale do São Francisco. Enquanto alguns colaboradores do Hortifrúti/Cepea acreditam que os preços possam se estabilizar próximo aos custos unitários de produção, outros expressam preocupação com a possibilidade de desvalorização contínua, especialmente se o excesso de oferta persistir.

Para lidar com esses desafios, os produtores estão buscando alternativas, como explorar novos mercados de exportação ou investir em processos que possam agregar valor ao produto, diferenciando-se no competitivo mercado de frutas frescas. Estratégias de marketing e parcerias comerciais também estão sendo consideradas como formas de mitigar o impacto da queda nos preços.

No entanto, o foco imediato permanece na adaptação à dinâmica atual do mercado. A gestão eficaz dos estoques e a otimização dos canais de distribuição serão cruciais para garantir que a produção de uvas no Vale do São Francisco continue a ser lucrativa.

Impacto na economia regional

A uva negra sem semente é um produto de grande importância econômica para o Vale do São Francisco, contribuindo significativamente para a geração de empregos e desenvolvimento regional. O setor fruticultor da região não só abastece o mercado interno como também tem um forte foco na exportação, levando as frutas brasileiras para consumidores em diversas partes do mundo.

Portanto, a estabilidade dos preços é essencial para manter a saúde econômica dos produtores e a viabilidade das operações agrícolas na região. O monitoramento contínuo das tendências de oferta e demanda será vital para que os produtores possam se adaptar rapidamente às mudanças de mercado e garantir a sustentabilidade do setor no médio e longo prazo.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.