A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou uma audiência pública na tarde desta segunda-feira (24) para discutir a controversa venda do patrimônio da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). A sessão foi solicitada pelo deputado Júlio Campos (União), reunindo diversos representantes políticos e sociais para debater o futuro dos imóveis da Empaer, cuja alienação tem gerado preocupações entre os trabalhadores e agricultores familiares.
Gilmar Brunetto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Assistência e Extensão Rural do Estado (Sinterp-MT), destacou que o governo estadual está leiloando imóveis importantes, incluindo os Centros de Pesquisa de Sinop e Cáceres, campi experimentais de Rosário Oeste e Tangará da Serra, e o Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (CRPTT) em Várzea Grande. Brunetto alertou que a venda desses ativos pode prejudicar severamente a agricultura familiar na região.
“No campo experimental de Cáceres, temos 5 mil covas de banana plantadas, que foram lançadas pela Embrapa e validadas pela Empaer. A produção dessas plantas pode gerar mais de uma tonelada de mandioca, resultando em um rendimento de R$ 5 milhões que circularão dentro do município”, afirmou Brunetto. Ele também mencionou a venda do campo experimental de Várzea Grande, que inclui 6,11 hectares de terra, 100 ambientes de construção, 10 salas de pesquisa, além de campos experimentais produtivos em Acorizal.
Em defesa da venda, Suelme Fernandes, presidente da Empaer, argumentou que os recursos obtidos, estimados em R$ 49 milhões, serão reinvestidos na própria Empaer e na agricultura familiar. “Precisamos olhar para frente e reestruturar gerencialmente a Empaer para atender melhor os pequenos produtores. Os investimentos visam modernizar a infraestrutura, contratar novos técnicos, adquirir equipamentos e melhorar as condições de trabalho”, explicou Fernandes.
O secretário de Estado de Agricultura Familiar de Mato Grosso (Seaf-MT), Luluca Ribeiro, apoiou a decisão, afirmando que a venda dos imóveis faz parte de uma necessária reestruturação. Segundo ele, muitos dos campi estão sucateados e improdutivos, e os recursos da venda serão usados para revitalizar a Empaer e melhorar o suporte aos pequenos agricultores.
O deputado Júlio Campos, contudo, expressou preocupação com a medida. “A venda dos imóveis da Empaer é um assunto polêmico. Sou defensor dos pequenos produtores e lamento que o governo do Estado esteja colocando à venda patrimônios valiosos da empresa. Poderíamos criar uma grande central de distribuição de produtos agrícolas em Mato Grosso para reduzir a dependência de outros estados”, argumentou Campos.
Nivaldo de Souza, presidente da Cooperativa Agropecuária de Produtores da Agricultura Familiar de Cáceres (Coopfami), também lamentou o possível fechamento do Centro de Pesquisas em seu município. “Esse Centro de Pesquisas oferece assistência crucial, treinamento e suporte para a plantação de várias culturas. Seu fechamento pode impactar negativamente 70% da agricultura familiar que depende da Empaer”, disse Souza.