Muitos consumidores buscam acordos e negociações para sair da negativação, mas após alguns meses eles retornam para a lista de inadimplentes. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que em maio de 2024, do total de negativações, 84,82% foram de devedores reincidentes, isto é, que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.
Considerando o universo de devedores reincidentes, 60,96% foram de consumidores que ainda não tinham pagado dívidas antigas até maio; e 23,86% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. O restante, 15,18%, não esteve com restrições no CPF ao longo dos últimos 12 meses e, por isso, não foram considerados reincidentes.
“A negativação de um consumidor dificilmente é um evento isolado. Em alguns casos, pode até decorrer de um eventual esquecimento ou de um desajuste pontual. Mas, com maior frequência, reflete problemas mais sérios, que perduram por tempos. É comum, assim, que após uma negativação se sucedam outras. Por isso, é importante que o consumidor faça um levantamento total das suas dívidas e uma programação realista de pagamento antes de buscar uma negociação”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
O indicador ainda revela que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida para outra é de 76,1 dias, ou seja: depois de 2,5 meses (em média) de ficar inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta.
Os dados do indicador mostram que, nos últimos 12 meses encerrados em maio de 2024, houve uma queda de ‐11,91% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores.
“O indicador mostra que nos últimos meses o número de consumidores reincidentes nos cadastros de negativação está caindo. Isso é um sinal positivo, apesar do número de reincidentes ser ainda muito alto no país. As famílias estão tendo dificuldade de manter as contas em dia e ainda separar um valor para o pagamento das dívidas mais antigas. Por isso, é importante que se evite novos gastos extras até que as dívidas sejam pagas”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
A abertura por faixa etária dos devedores reincidentes mostra que o número de reincidentes com participação mais expressiva no Brasil em maio foi da faixa de 30 a 39 anos (26,17%). A participação dos devedores reincidentes por sexo segue bem distribuída, sendo 53,52% mulheres e 46,48% homens.
O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas do SPC Brasil mostra a evolução do número de consumidores que deixaram os cadastros de inadimplentes por terem realizado o pagamento das suas dívidas em atraso. São utilizadas as informações de saídas de CPFs das bases às quais o SPC Brasil tem acesso. Em conjunto com os dados de reincidência, esses dados permitem melhor monitoramento da inadimplência no país, que atinge cerca de 41,79% da população adulta.
Os dados do indicador de recuperação de crédito mostram que, nos 12 meses encerrados em maio de 2024, houve crescimento de 4,16% no número de consumidores que conseguiram sair das listas de negativados. A comparação é com os 12 meses anteriores.
O crescimento do indicador acumulado em 12 meses se concentrou no aumento da recuperação de consumidores que levaram de 1 a 3 anos (28,48%) para efetuarem o pagamento de todas suas dívidas.
Observando a abertura por faixa etária dos consumidores que quitaram suas dívidas, o número de consumidores recuperados com participação mais expressiva no Brasil em maio foi da faixa de 50 a 64 anos (24,03%).
A participação dos consumidores recuperados por sexo segue bem distribuída, sendo 51,95% mulheres e 48,05% homens.
Em maio de 2024, cada consumidor recuperado pagou, em média, R$ 2.030,56 na soma de todas as dívidas que tinha. Os dados ainda mostram que 60,42% pagaram até R$ 500 nas dívidas que possuíam.