Programas de transferência de renda reduzem o adoecimento por AIDS em até 40%, aponta estudo

Fonte: CenárioMT

Bolsa Família: beneficiários com NIS final 9 recebem nesta quarta-feira (28/02) - Foto: Roberta Aline (MDS)
Foto: Roberta Aline (MDS)

Um estudo publicado na revista científica Nature Communications por pesquisadores brasileiros revelou a significativa redução do adoecimento e mortalidade por AIDS em países com populações extremamente vulneráveis, graças a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Durante o período analisado, ficou evidente que um maior número de pessoas que não recebiam o Bolsa Família desenvolveram AIDS em comparação com aquelas que recebiam o benefício.

Os resultados destacam a possível relação com as condicionalidades do programa, especialmente nas áreas de saúde e educação, que incluem a vacinação de crianças e o acompanhamento pré-natal. Essas condicionalidades podem incentivar as famílias a buscar serviços de saúde, recebendo orientações cruciais sobre prevenção e tratamento do vírus HIV e da síndrome da AIDS.

Transferência de renda

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Foto: Roberta Aline/MDS

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ressaltou que viver em situação de extrema baixa renda é um fator de risco para várias condições de saúde, incluindo tuberculose, malária e AIDS. Condições de saúde negligenciadas exigem uma abordagem mais detalhada das vulnerabilidades ambientais, sociais e econômicas, que são os determinantes sociais da saúde.

O estudo, liderado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), analisou dados de quase 23 milhões de brasileiros com idade a partir de 13 anos ao longo de nove anos (2007-2015).

Bolsa família

Os resultados indicaram uma incidência de cerca de 30 casos por 100 mil pessoas entre os não beneficiários do Bolsa Família, em comparação com aproximadamente 25 casos por 100 mil entre os beneficiários. Além disso, a taxa de mortalidade relacionada à AIDS foi maior entre os não beneficiários, com cerca de 10 óbitos por 100 mil pessoas, em comparação com aproximadamente nove óbitos por 100 mil entre os beneficiários.

Andréa Silva, pesquisadora associada ao ISC/UFBA e Cidacs/Fiocruz Bahia, uma das autoras do estudo, destacou a abrangência e a amplitude dos efeitos de um programa de transferência condicionada de renda. O estudo identificou uma redução significativa das taxas de incidência, mortalidade e letalidade entre os beneficiários do programa em comparação com os não beneficiários.

Em termos percentuais, a probabilidade de uma pessoa que participa do programa desenvolver AIDS é 41% menor do que aquela de alguém com características semelhantes, mas que não está no programa. Além disso, a probabilidade de uma pessoa que recebe o Bolsa Família morrer devido à AIDS é 39% menor em comparação com aquelas que não recebem o benefício. As taxas de letalidade também diminuíram em 25% entre os participantes do programa, o que significa que a chance de uma pessoa morrer após ser diagnosticada com AIDS é 25% menor para aqueles que fazem parte do programa.

Esse estudo evidencia o papel crucial dos programas de transferência de renda condicionada na melhoria do bem-estar e na redução das desigualdades em saúde, especialmente em populações vulneráveis.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.