O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA) revelou que os municípios de Matupá e Marcelândia, situados a 717 km e 969 km de Cuiabá, em Mato Grosso, apresentam níveis de agrotóxicos na água que ultrapassam os limites seguros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Esse cenário suscita preocupações à saúde pública, particularmente quando a água contaminada é consumida de maneira contínua.
De acordo com especialistas, a presença de substâncias como a atrazina, identificada nas águas de Marcelândia, é motivo de inquietação. Essa substância, proibida na União Europeia desde 2004 devido às associações com distúrbios endócrinos, permanece em uso nos Estados Unidos e no Brasil, classificando-se entre os cinco agrotóxicos mais vendidos anualmente nos últimos anos.
Em resposta, a Aegea-MT, empresa encarregada da distribuição de água nos municípios, alega que os resultados divulgados são decorrentes de erro de digitação, prometendo correções no SISAGUA. O alerta de contaminação pela presença de agrotóxicos na água afetou 28 municípios em todo o Brasil no ano de 2022, abrangendo também os estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
Água contaminada
O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos aumenta os riscos para doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, e para problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado, explica Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele afirma que o consumo esporádico dessa água configura baixo risco à saúde. Porém, “o consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, acrescenta.