Real brasileiro começa a recuperar, apesar dos desafios da pandemia de Covid-19

Fonte: CenárioMT

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Pixabay

Os investimentos e trading de ações estão voltando a favorecer a moeda brasileira, que tem sido uma das mais afetadas desde o início do ano, em virtude da pandemia de Covid-19. Na última semana de maio, o Real brasileiro cresceu 3,67% em relação ao dólar, avançando pela segunda semana consecutiva.

No momento, o Brasil é o país mais afetado da América Latina e o segundo mais afetado do mundo (apenas atrás dos Estados Unidos) pela pandemia, com 1.626.071 indivíduos infectados e um número de mortos de 65.556, até este momento.

O governo brasileiro já está famoso por se comportar de uma maneira que muitos consideram irresponsável e negligente, pois desde o início da pandemia ele nega a gravidade do surto, optando por não adotar uma quarentena. Isso criou divergências com governadores, prefeitos e membros do próprio gabinete de Bolsonaro.

No momento, Bolsonaro está culpando prefeitos, governadores e até a mídia, justificando sua decisão de não impor um bloqueio total nas regiões mais afetadas do país. Desde o início da pandemia, dois ministros da saúde deixaram seus cargos, principalmente devido a fortes discordâncias entre eles e o governo Bolsonaro, que está sendo acusado de colocar suas preocupações e interesses ideológicos acima do bem-estar da população em geral.

O primeiro, Luiz Mandetta, foi demitido por Bolsonaro depois de discordar das medidas de isolamento social, enquanto o segundo, Nelson Teich, também mostrou discordância em relação à abordagem do presidente em relação à quarentena e ao uso de cloroquina no tratamento da doença, o que levou a sua brusca renúncia em 15 de maio.

Apesar de ser uma das mais afetadas desde o início do ano, a moeda brasileira está começando a reagir de forma positiva. As diferentes economias mundiais estão agora reabrindo, como uma tentativa de voltar à normalidade após alguns meses do bloqueio que prejudicou o desempenho da economia global, de forma geral.

Esse fato renovou o entusiasmo por ativos mais arriscados, entre eles as moedas emergentes. O real brasileiro também tem vantagem sobre outras moedas, dado que o Brasil decidiu não fechar a sua economia.

Apesar das “vantagens” que o país desfruta ao optar por não fechar a economia, o PIB do Brasil caiu 1,5% no primeiro trimestre deste ano e o número de pessoas desempregadas aumentou significativamente para 12,8 milhões.

Na frente econômica, a produção industrial do Brasil em abril caiu 18,8% mês a mês, o que é comparável à crise financeira global. Já as vendas no varejo caíram 16,8% ao mês em abril. A distribuição dos dados mostra que todos os setores sofreram em termos mensais, sendo abril o pior mês de todos. A indústria de petróleo e gás, que já estava em uma posição difícil antes da pandemia, sofre com preços muito baixos e demanda reduzida.

Mas com base nos números da atividade econômica, parece que as consequências econômicas no Brasil não foram tão ruins quanto se temia inicialmente e o tempo de recuperação pode não ser tão longo quanto o esperado pelo mercado há apenas algumas semanas. O mercado de câmbio e ações do Brasil foi o primeiro a reagir, depois de ter sofrido uma queda de 38,65% no acumulado do ano, nos últimos três meses.

As exportações estão indo bem, graças à China que compra soja e minério de ferro. A China deve ajudar a economia brasileira no curto prazo, revertendo o impacto sobre os números fracos do PIB do Brasil. O Brasil está superando lentamente a pior das crises que assolam o país desde o início do ano.

Em relação ao avanço da pandemia, o futuro permanece incerto. A polarização política e social aumentou devido ao estilo de liderança de confronto do presidente Bolsonaro, suas visões socialmente conservadoras e sua estranha resposta ao surto de coronavírus.

No momento, o país está registrando um aumento recorde de infecções e há dúvidas sobre o número estimado de mortes pelo governo, que parece ser muito baixo, levando em consideração os dados de outros países da América Latina.

A recuperação econômica do Brasil está apenas no começo, e os brasileiros sabem que há ainda um longo caminho a percorrer até uma vacina definitiva controlar o vírus.