Entre os dias 5 e 12 de fevereiro, o torcedor do Corinthians poderá viver um remake de traumas do passado na Copa Libertadores da América. Isso porque o time pode encontrar já nessas datas — quando será disputada a Segunda fase eliminatória do torneio — os colombianos do Tolima ou os paraguaios do Guaraní, algozes das edições de 2011 e 2015.
Além desses, estão classificados para as eliminatórias para a fase inicial mata-mata da competição continental: Palestino (CHI), Independiente Medellín (COL), Barcelona de Guayaquil (ECU), Sporting Cristal (PER), Universitario (PER), Carabobo (VEN) e Internacional. O sorteio que vai cruzar os primeiros adversários do torneio será realizado na próxima terça-feira (17), na sede da Conmebol, no Paraguai, com transmissão igual ao de futebol ao vivo.
Desses, o Tolima é a maior pedra no sapato da história recente corintiana: depois de ficar atrás na corrida pelo título nacional de 2010 — ano do centenário –, com Fluminense e o Cruzeiro, além de um período turbulento após a saída de Mano Menezes para a seleção brasileira, o Corinthians havia contratado Tite, então no Al-Wahda, dos Emirados Árabes, com a obsessão de ganhar o título sul-americano. O futebol
Aquele ano ainda havia terminado com críticas da imprensa, já que, outrora líder, o Timão só disputou a pré-Libertadores de 2011 por ter empatado com o Goiás, por 1 a 1, na última rodada, perdendo a chance de entrar direto na fase de grupos.
Quando soube que enfrentaria o então desconhecido Tolima, da Colômbia, o Corinthians demonstrou até certa tranquilidade, mas, na semana anterior ao primeiro jogo, Tite resolveu poupar alguns jogadores que jogariam contra o São Bernardo, pelo Paulistão, para o duelo contra os colombianos. Roberto Carlos, então lateral alvinegro, havia dito dias antes que, diante da possível retranca do Tolima, o Timão precisava atropelar. Mas não deu: a primeira partida terminou em 0 a 0, para desespero da torcida. Na saída de campo, o zagueiro Chicão voltou a reclamar dos pontos perdidos na rodada final do Brasileirão.
“Se a gente tivesse vencido o jogo do Goiás, não estaríamos na primeira fase da Libertadores. Temos de suportar (a pressão), ter tranquilidade e passar isso para os mais novos”, disse.
Pressionado na partida de volta, em Ibagué, na Colômbia, mesmo podendo se classificar com um novo empate sem gols, o Corinthians sucumbiu: perdeu de 2 a 0 com gols de Santoya e Medina, e foi eliminado precocemente da competição. Naquela mesma madrugada, torcedores picharam o Parque São Jorge, sede do clube, com xingamentos contra o meia Danilo, o lateral Roberto Carlos e o atacante Ronaldo — chamado de “gordo”. O técnico Tite voltou para o Brasil na corda bamba, mas o presidente do clube, Andrés Sanchez, resolveu mantê-lo no cargo.
“Quando se perde, todo mundo tem seus erros. Aqui não tem nenhum herói e nenhum vilão. Ele tem a culpa dele, eu a minha, e os jogadores a deles”, disse o dirigente à época.
A vitória histórica fez bem ao Tolima, que dali em diante conquistaria uma Copa da Colômbia (2014) e um vice-campeonato da elite do futebol colombiano (2016). No ano passado, também chegou ao vice da Superliga da Colômbia, perdendo para o Junior Barranquilla na final.
O Corinthians, por sua vez, veria a aposentadoria de Ronaldo que, entre lágrimas, lamentou a eliminação precoce.
Já o Guaraní, time de Assunção, capital do Paraguai, foi encarado em uma fase posterior: em 2015, após o Timão passear na fase de grupos — com uma atuação histórica sobre o São Paulo, na Arena, na estreia da competição –, o cruzamento definiu que a equipe paulista iria enfrentar o então desconhecido clube paraguaio, que havia feito uma campanha modesta. À época, o diretor de futebol Sérgio Janikian disse que pegar o Guaraní era um “presente de Deus” ante a possibilidade de enfrentar Boca, River ou outro grande do continente.
Além disso, o Timão reunia um esquadrão liderado por Guerrero, Emerson Sheik, Elias, Jadson e Renato Augusto, que haviam brilhado até então, e que fez o comentarista Casagrande, da TV Globo, comparar o Corinthians aos gigantes europeus.
No primeiro jogo, no entanto, outra surpresa histórica: com falhas individuais, a equipe caiu por 2 a 0 com gols de Santander e de Contreras. Novamente pressionado, o Corinthians não conseguiu superar a retranca paraguaia: tentou até o final, mas sofreu um gol no finalzinho do jogo e foi eliminado de forma traumática da competição.
Em 2019, ao menos, o Guaraní precisará disputar a Primeira Fase da Libertadores, ainda em janeiro, para então ter a possibilidade de reencontrar o Timão.