O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar no próximo sábado (8), em Letícia, na Colômbia, da reunião técnico-científica da Amazônia. O evento antecede a Cúpula da Amazônia, prevista para ocorrer em 8 de agosto, em Belém, no Pará. Especialistas ouvidos ressaltam a importância da solenidade, uma espécie de “ensaio” para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025.
Nesta semana, foi comemorado o 45º aniversário da assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) pelos oito países cujos territórios abrigam parte da floresta. No documento, assinado em julho de 1978, os Estados assumiram o compromisso de preservar o meio ambiente e fazer o uso racional dos recursos naturais da Amazônia.
“Queremos fazer uma articulação pensando em uma outra oferta de cooperação, que considere eixos estratégicos para o desenvolvimento sustentável, tanto nas ações de infraestrutura quanto nos projetos que sejam capazes de criar sinergia positiva para os nossos países, principalmente, no espaço da cooperação técnico-científica”, disse nesta semana a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, sobre o evento.
A reunião antecede a cúpula de agosto. Os oito países que abrigam a floresta amazônica — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela — vão estar presentes no evento, em agosto. Foram chamadas também para o encontro as nações que têm as maiores florestas tropicais do mundo. São elas: Indonésia, República Democrática do Congo e Congo Brazzaville. A França foi convidada por causa da Guiana Francesa.
Estão previstas diversas iniciativas entre os dias 4 e 6 de agosto, período que antecede a cúpula. Seminários, debates, exposições e manifestações culturais vão reunir representantes de entidades, movimentos sociais, universidades, centros de pesquisa e agências governamentais, do Brasil e dos demais países amazônicos, com o objetivo de pautar a formulação de novas estratégias para a região. Durante o período, a sociedade poderá organizar e sugerir políticas públicas voltadas ao combate do desmatamento e ao controle dos índices atuais, entre outras.
Especialistas ressaltam a importância do evento. “Vai tentar fazer uma declaração conjunta para que seja levado aos debates internacionais esse movimento da relevância da proteção da Amazônia, principalmente nas questões de mudança climática, além da biodiversidade e parte cultural. Essa declaração, sendo efetivada, o primeiro insight deverá ser na ONU, em um evento sobre o tema em setembro. Logo depois o Brasil vai sediar o G20, em 2024, e a COP30, em 2025”, explica o economista e advogado Alessandro Azzoni.
“A Cúpula da Amazônia é o primeiro esboço preparatório para a COP30, que o Brasil vai sediar em 2025, no Pará. É como se fosse um balão de ensaio. O presidente Lula vai buscar retomar um diálogo regional entre os países-membros para fortalecer os laços entre esses governos e a sociedade civil para defender a sustentabilidade da Amazônia”, complementa.
Belém vai sediar a 30ª Conferência sobre Mudança do Clima (COP), em novembro de 2025. A formalização vai ocorrer na agenda deste ano, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Lula garantiu que o governo federal “não vai medir esforços para ajudar tanto a prefeitura de Belém quanto o governo do estado” na preparação para receber o evento, a maior e a mais importante cúpula mundial relacionada ao clima do planeta.
Esta será a primeira COP organizada na região amazônica, o que permitirá que delegações de todo o mundo venham conhecer a maior floresta tropical do planeta. De acordo com o governo, os últimos eventos da COP movimentaram cerca de 25 mil pessoas, entre participantes e suporte técnico.
No mês passado, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que houve queda de 31% nos alertas de desmatamento na Amazônia entre os meses de janeiro e maio de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Em maio, houve uma redução de 10% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Por outro lado, os dados revelaram que houve aumento de 83% no desmatamento do cerrado no mês de maio de 2023 em comparação com o mesmo mês de 2022. O sistema mostra também que, entre janeiro e maio de 2023, houve adicional de 35% no desmatamento na região em comparação com o mesmo período de 2022.