O mundo acompanhou com apreensão o desfecho trágico do submersível Titan, que, ao se aventurar em expedição rumo à região onde o navio Titanic afundou, em 15 de abril de 1912, experimentou uma perda de controle e implodiu com cinco pessoas a bordo. Cheio de ar em uma profundidade de grande compressão, o submersível colapsou devido à pressão da água em volta de sua estrutura.
Os limites para uma embarcação sob uma densa coluna de água ou para uma aeronave em altitude maior que a regulamentar quando não observadas as regras de segurança podem levar a consequências trágicas.
No caso da aviação, em grandes altitudes os passageiros não conseguiriam respirar se não estivessem em uma cabine pressurizada. Quanto maior a altitude, maior o diferencial de pressão do ar entre o interior e o exterior do avião. A partir dos 43 mil pés (cerca de 13,1 km), aeronaves comerciais também podem experimentar até uma falha estrutural catastrófica.
Se um avião comercial voar muito alto, encontrará ar menos denso passando sobre as asas para criar sustentação. Isso pode fazer com que a aeronave perca velocidade considerável e fique fora de controle. A altitude exata para esse tipo de ocorrência pode variar conforme as condições climáticas e o peso. Por isso, os pilotos de linhas aéreas são treinados para conhecer a capacidade dos aviões que estão pilotando e garantir que tudo seja mantido dentro de margens seguras.
Altitude máxima
A altitude máxima que um avião comercial pode atingir é estabelecida em torno dos 42 mil pés (cerca de 12,8 km). Esse limite é conhecido como “teto de serviço”. A maioria dos jatos comerciais voa em níveis próximos a esse limite para otimizar a eficiência. Nessa altura, o ar é mais rarefeito, o que facilita o controle da aeronave. Outro motivo, e não menos importante, é a economia: em altitude de cruzeiro, a aeronave voa mais fácil e rapidamente eutiliza menos combustível para levar os passageiros a seu destino em tempo hábil.
Mas o que é “altitude de cruzeiro”?
A altitude de cruzeiro de um avião é normalmente muito clara para os passageiros quando a aeronave está nos estágios de decolagem e pouso. Você pode notar que os comissários de bordo normalmente não começam suas rodadas de bebidas e lanches até bem depois da decolagem. Isso ocorre porque eles estão esperando até que o avião atinja sua altitude de cruzeiro. Uma vez nessa altitude, os pilotos também podem desligar o sinal de apertar o cinto de segurança, porque é o momento mais seguro para se movimentar na cabine.
A altitude de cruzeiro de um avião comercial depende de seu tamanho, mas geralmente ocorre quando o avião atinge entre 30 mil pés e 40 mil pés no ar (entre 9,1 km e 12,1 km). Frequentemente, os voos de curta distância vão cruzar abaixo disso porque, quando subirem, precisarão começar a descer quase imediatamente.
Isso então levanta a questão de por que não voar mais alto do que isso? E por que existem limites estabelecidos? De acordo com o Simply Flying, embora o ar mais rarefeito crie vantagens de eficiência em altitude, há um ponto em que o ar se torna demasiadamente rarefeito. Ar muito mais rarefeito significa que os motores não poderiam produzir potência suficiente e as asas não teriam sustentação adequada.
Também pode haver problemas para reiniciar um motor em caso de pane em uma altitude maior, bem como outras implicações de segurança de voar em elevações mais altas para passageiros e tripulação. E, no caso de descompressão da cabine, a aeronave descerá rapidamente para uma altitude menor, ou seja, uma em que as pessoas a bordo poderão respirar sem dificuldade. Se o avião estiver muito alto, essa demora em atingir uma altitude de segurança poderá ser crucial e, com isso, pôr passageiros e tripulantes em perigo.
Existem medidas definidas para o “tempo de consciência útil” (TUC), que descreve quanto tempo uma pessoa permaneceria consciente no caso de uma descompressão na cabine. A uma altitude de 35 mil pés (cerca de 10,6 km), isso é de 15 a 30 segundos, o que geralmente fornece tempo suficiente para os passageiros colocarem suas máscaras de oxigênio. No entanto, a 50 mil pés (cerca de 15,2 km), isso diminui para apenas cinco segundos, criando um perigo significativo.
Aeronaves comerciais voam hoje em grandes altitudes médias, que atingem cerca de 30 mil pés acima do nível médio do mar, e até além, como vimos acima. Ao voar como passageiro, você pode muito bem ter ouvido a chamada altitude de cruzeiro do voo sendo mencionada nos vários anúncios feitos no cockpit. Ainda assim, exatamente a que altura as aeronaves podem operar? E quais são as limitações de ir mais alto?
Limites estabelecidos para aeronaves comerciais
Naturalmente, a altitude máxima permitida varia um pouco de aeronave para aeronave. Uma altitude de cruzeiro ideal também é um fator para atingir o melhor alcance de uma determinada aeronave. Esses limites orientam a altura em que uma aeronave voa, em vez de quaisquer requisitos legais ou regulamentares — embora, é claro, o controle de tráfego em cada espaço aéreo tenha autoridade final sobre a altitude precisa de uma aeronave em um determinado momento.
A maioria das aeronaves comerciais é aprovada para voar a um máximo de cerca de 42 mil pés, o chamado “teto de serviço” que explicamos acima. Por exemplo, para o Airbus A380, o maior avião de passageiros do mundo, com quatro motores e dois andares, o teto de serviço é de 43 mil pés. Enquanto isso, para o Boeing 787-8 e 9 Dreamliner, o limite chega a 43,1 mil pés.
Para usar outro exemplo, aeronaves anteriores à família Boeing 737 (até a variante 500) têm um teto de serviço de 37 mil pés. Esse teto foi aumentado para 41 mil pés com a introdução do modelo 737-600, que foi a primeira e menor variante da família 737 NG (Next Generation). Para uma operação ideal, a maioria das aeronaves será guiada para voar um pouco abaixo disso, normalmente em torno de 35 mil pés.
Algumas aeronaves podem voar em uma altitude maior
Enquanto aeronaves comerciais têm tetos de serviço definidos de acordo com fatores como limites de motor e tempo de consciência útil (TUC), aeronaves privadas têm mais escopo. Muitos jatos corporativos menores são classificados para tetos mais altos, de, por exemplo, 51 mil pés. Eles geralmente têm motores maiores em relação ao tamanho e peso da aeronave (que normalmente é muito menor devido às configurações de assentos de baixa densidade), o que ajuda a conseguir esse resultado.
O Concorde foi a única exceção significativa entre as aeronaves comerciais, voando a 60 mil pés (cerca de 18,2 km) graças ao aumento da sustentação gerada ao voar em velocidades muito mais altas. Em altitudes menores, o arrasto o impediria de atingir suas altas velocidades.
Bem acima dos corredores aéreos existentes, o lendário avião franco-britânico cruzou a velocidades de até Mach 2,04 (1.354 mph/2.179 km/h). Nessas altitudes, o Concorde carregava riscos maiores de descompressão para os passageiros.
Vários recursos foram usados para minimizá-los. Podia descer muito mais rapidamente do que outras aeronaves, devido ao seu formato de asa-delta. O Concorde também tinha um sistema para auxiliar na descida rápida de emergência, que alguns jatos executivos também usam.
Por fim, tinha janelas muito menores, pois ajudariam a retardar a descompressão se uma delas falhasse. Como o Concorde não voa desde 2003, a maioria de nós só pode imaginar como seria o mundo a 60 mil pés.