A campanha de vacinação para as comunidades da Terra Indígena Yanomami começa no próximo sábado (25). Segundo o Ministério da Saúde, a população será imunizada com vacinas bivalentes (que combatem mais de uma variante do vírus) contra a Covid-19. A ação prevê também a vacinação com os imunizantes de rotina do calendário em crianças e adultos.
Cerca de 20 mil doses serão enviadas para seis comunidades: Surucucu, Kataroa, Maloca Paapiú, Auaris, Missão Catrimani e Waputha. “A ação é resultado da antecipação da vacinação para o território, para reforçar o combate à crise humanitária na região e aumentar o índice de coberturas vacinais entre os indígenas”, informou o ministério.
Essa população faz parte do público prioritário do movimento nacional de imunização, que começa em 27 de fevereiro.
Segundo o último balanço do Centro de Operações de Emergência (COE), as equipes de saúde realizaram 403 atendimentos na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), e 157 pacientes tiveram alta. No local, foram diagnosticados 54 casos de desnutrição, 41 de pneumonia, 24 casos de doenças diarreicas agudas e 26 casos de malária. Outros 1.783 atendimentos foram realizados pela Força Nacional do SUS nos Polos Base espalhados pelo território.
A vacinação será operacionalizada junto à Secretaria Estadual de Saúde de Roraima, com o apoio dos profissionais de saúde e da Força Nacional do SUS, que estão na região para reforçar o atendimento à saúde dos indígenas.
A Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil em extensão territorial, tem uma população de 30,5 mil indígenas, dos quais pelo menos 5.600 são crianças com menos de cinco anos. Desde 20 de janeiro, a área está sob estado de emergência em saúde pública de importância nacional, após relatos de casos graves de desnutrição e desidratação dos indígenas.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que oito em cada dez crianças indígenas com menos de cinco anos na Terra Yanomami sofrem de desnutrição. O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade, localizada no meio da floresta amazônica.
Segundo dados divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2020, foi registrada a morte de mais de 700 crianças em terras indígenas pelo país, a maioria por doenças e desnutrição.