Inspirada na relação dos produtores com a riqueza do Parque Nacional do Iguaçu, que faz divisa com o município de Capanema em mais de 70 quilômetros, a marca poderá ser utilizada por produtores associados à Apic, seguindo o caderno técnico e as boas práticas de produção.
Para Cleiton Cesar Lagemann, presidente da Apic, o reconhecimento é resultado de um projeto antigo de boas práticas.
“Iniciamos com cinco produtores. Hoje, somos 32 associados. Este trabalho vem sendo desenvolvido com muito profissionalismo e a aprovação da marca coletiva é um indicativo disso. Nossa ideia é que ela seja utilizada também nos municípios lindeiros ao Parque e estamos projetando a formalização de uma cooperativa”, adianta Cleiton.
De acordo com a consultora do Sebrae/PR, Alyne Chicocki, a conquista vem para reforçar a identidade dos produtores locais.
“Os apicultores colocam no mercado produtos com maior valor agregado, uma vez que a marca gera referência da origem do produto e da sua qualidade. Isto fortalece a economia local, o turismo e o comércio e proporciona visibilidade para um produto diferenciado”, afirmou Alyne.
Na avaliação de Tatiane Sott, da secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Capanema, os produtos relacionados, como o mel e a própolis, podem impulsionar a economia local.
“A utilização da marca Parque Iguassu, além de divulgar o nosso município, também demonstra o potencial da nossa cidade e região. Nosso mel é destaque e o reconhecimento tem despertado o interesse de outros produtores em relação à apicultura”, enfatiza Tatiane.
Boas práticas de Apicultura
Há quatro anos, o município iniciou, juntamente com o Sebrae/PR, um projeto voltado às boas práticas na apicultura. Isso fez com que a qualidade do mel fosse melhorada e a produtividade, que era de pouco mais de 23 kg por colmeia, fosse ampliada.
Foto: Divulgação – Mel é coletado a partir do pólen de espécies nativas do Parque Nacional do Iguaçu.
Segundo Wagner Grazziero, instrutor do projeto, essa mudança começou a partir da conscientização dos apicultores.
“Mudamos o manejo, padronizamos as colmeias e alteramos a alimentação das abelhas. Depois, iniciamos o melhoramento genético com a compra de abelhas rainhas. Tudo isso trouxe resultados importantes. Hoje, temos produtores com média de 88 kg por caixa”, relata Wagner.
Esse crescimento também é comemorado pelos produtores. Para Jonathan Vinícius dos Santos Cavalheiro, as orientações especializadas mudaram a realidade da propriedade.
“Produzo mel desde 2016, mas foi a partir de 2018 que mudamos muitas práticas. Com trabalho orientado, aumentamos a produção, que era de 12 kg por colmeia, para algo próximo a 50 kg, com mais retorno financeiro para nós. Hoje, a apicultura equivale à minha renda principal”, comenta Jonathan.
Qualidade do mel
O mel produzido na região traz características muito particulares, o que resulta em um produto extremamente claro e suave. Para Wagner, o motivo está na diversidade da florada que é encontrada no Parque Nacional do Iguaçu.
“Especialmente por duas flores, do louro-branco e do cambará. Devido à grande diversidade, as abelhas conseguem coletar muito mais néctar e pólen, o que faz com que produzam muito mais. Algo em torno de 30% a mais se comparado com as abelhas de regiões que não estão inseridas no Parque”, pontua Wagner.
O presidente da Apic explica que a intenção é apresentar o mel diferenciado a turistas de outras regiões do Brasil e do mundo.
“Temos conversas para que o mel produzido aqui seja vendido em pontos turísticos, entre eles as Cataratas do Iguaçu. Isso trará um valor agregado e um reconhecimento maior do que é produzido em Capanema”, complementa Cleiton.
Busca pela Indicação Geográfica
A Apic também busca a Indicação Geográfica (IG) na modalidade de Denominação de Origem, que está sendo trabalhada em parceria com a Cresol e com a Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), campus Dois Vizinhos. Atualmente, existem estudos desenvolvidos pela UTFPR para comprovação de que as abelhas interagem com a mata nativa e que o mel produzido por elas é único.
O município de Capanema conta com uma Indicação Geográfica, com o melado batido e escorrido, reconhecido pelo INPI desde dezembro de 2019.
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