O técnico de futebol de escola de base preso suspeito de abusar sexualmente de oito crianças foi solto, nesta segunda-feira (21), após a Justiça considerar que o caso “não é de grave infração”. Segundo a polícia, o homem usava o sonho de vítimas em se tornarem jogadoras para cometer os crimes.
No final da tarde de segunda, durante audiência de custódia, a Justiça do Amazonas decidiu que o suspeito vai responder as acusações em liberdade. O juiz Jean Carlos Pimentel dos Santos considerou que o caso “não é de grave infração e nem de grande repercussão social”.
Na decisão, o magistrado determinou algumas restrições ao investigado como o uso de tornozeleira eletrônica.
Após a prisão do técnico, outras três crianças prestaram depoimento na delegacia e denunciaram que foram vitimas de abuso sexual. Com o suspeito em liberdade, a preocupação da policia é que ele pode intimidar vitimas e testemunhas e destruir provas.
“Tem uma frase que sempre se fala em investigações de abuso sexual em dizer que não vai dar em nada. Então, a vítima já tem vergonha, medo de expor suas razões, até porque são questões muito íntimas. Aí, quando essa vítima vê que o autor é solto mais em seguida, ela prefere se calar para evitar sua exposição, guardar para si. Isso é um prejuízo”, disse a delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Adolescente (Depca).
O caso
O técnico de futebol de escola de base foi preso suspeito de abusar sexualmente de crianças, em Manaus, no domingo (20). Ele usava o sonho de vítimas para cometer crimes, segundo a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Conforme a delegada, a primeira providência sobre o caso tomada por ela ao chegar à delegacia foi representar juridicamente pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Ela levou em consideração a gravidade do caso.
Joyce Coelho informou que, além das seis crianças encontradas na casa do suspeito no domingo (20), outras duas famílias de vítimas procuraram a polícia depois da prisão dele. O técnico foi capturado após denúncia feita pelos próprios filhos dele.
“Ele diz que os pais permitiam que aquelas vítimas, na faixa de 10 a 14 anos, estivessem na casa dele. Mas o que a gente verifica é que, além da vulnerabilidade etária, também há a vulnerabilidade econômica em que essas crianças viviam”, disse a delegada.
Na casa do suspeito foram encontrados documentos e materiais esportivos que indicam a ligação dele com uma escolinha de futebol.
“A gente verifica nesse caso a ocorrência de estupro de vulnerável e também de exploração sexual. Considerando que esse homem é um treinador de futebol e, com isso, acabava aliciando os meninos para que eles frequentasse a casa deles e ali praticassem diversos atos libidinosos mediante, por exemplo, presentes como chuteiras, pagamento de lanche”, explicou a delegada.