Na próxima quarta-feira (26), o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciará como fica a taxa básica de juro da economia, a Selic. No mercado financeiro, a expectativa dominante é de que o porcentual seja mantido em 13,75% ao ano.
Para o JPMorgan, a decisão deve ser unânime. De acordo com o banco, o mais provável é que o colegiado reitere a sua postura vigilante e não promova mudanças relevantes. “O BC parece estar buscando evitar sinais de que pode afrouxar as condições financeiras prematuramente, portanto não antecipamos mudanças significativas para a comunicação”, escrevem Cassiana Fernandez, economista-chefe da instituição no Brasil, e o economista Vinicius Moreira.
A percepção dos analistas é a mesma apresentada nesta segunda-feira (24) pelo Boletim Focus, do Banco Central. A projeção da taxa Selic para o fim deste ano continuou em 13,75% pela 18ª semana consecutiva. Já a estimativa de 11,25% para o término de 2023 foi renovada pela sétima semana seguida.
Considerando apenas as 81 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 81 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,25%.
Para os analistas, a evolução do cenário doméstico desde a reunião anterior do Copom se deu como esperado, com a manutenção do dólar em cerca de R$ 5,25, uma desaceleração rápida da inflação e uma moderação das expectativas.
Neste cenário, as projeções do BC para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a inflação oficial, devem ficar praticamente inalteradas, afirmam. O JPMorgan reiterou a projeção de início do ciclo de cortes da Selic em junho do ano que vem.
Em setembro, o BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, decretando o fim do mais longo ciclo de alta de juros da história do Copom. A autoridade monetária indicou a manutenção da Selic nesse patamar por “período suficientemente prolongado” para alcançar a convergência da inflação para a meta, mas alertou que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, pode voltar a subir os juros.
Depois, os membros do Copom sinalizaram que o BC estava confortável com o cenário que a Focus exibia para a Selic. “Usando a curva do Focus com corte em junho, mostramos que a gente atinge nossos objetivos”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na coletiva do RTI (Relatório Trimestral de Inflação), em referência à convergência para a meta em 2024.
Campos Neto evitou, porém, dizer quão “suficientemente prolongada” deve ser a manutenção da Selic em níveis elevados para se que chegue às metas de inflação. “Deixamos claro que existem riscos para as projeções, que estamos vigilantes e que podemos inclusive voltar a subir os juros”, destacou.
Atualmente, o horizonte relevante da política monetária considera os anos de 2023 e, em menor grau, de 2024. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte de 12 meses até o primeiro trimestre de 2024. Nesta semana, contudo, os dois anos devem passar a ter o mesmo peso para o colegiado. Como o horizonte é móvel, cada vez mais, o Copom vai olhar para a inflação em 2024 para tomar suas decisões.
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimo ou financiamento. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexo nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.