A elefanta asiática Pocha morreu na semana passada, na quinta-feira (6) no SEB (Santuário de Elefantes Brasil), em Chapada dos Guimarães (60 km ao norte de Cuiabá). O animal de 57 anos havia chegado ao santuário em 12 de maio, após percorrer 3.228 km.
Ela foi transferida para o Brasil ao lado da filha, Guilhermina, 22, vinda de Mendoza, na Argentina. A causa da morte ainda não é conhecida, “porém uma necropsia ainda será feita para determinar as causas da morte”, informou a assessoria do santuário.
A viagem de mãe e filha da Argentina até o Brasil levou cinco dias. Elas viviam em uma espécie de fosso de aproximadamente seis metros no Ecoparque de Mendoza.
Elas foram doadas pelo Ecoparque argentino porque o local não tinha condições adequadas para elas. Após a doação ser oficializada, obteve-se a licença do governo argentino para a transferência.
A viagem ao Brasil começou em 7 de maio, em duas caixas adaptadas e especiais para esse tipo de transporte. As caixas climatizadas foram monitoradas 24 horas por câmeras que foram acompanhadas por veterinários e especialistas do santuário. A Polícia Rodoviária Federal fez a escolta do caminhão que foi acompanhado por carros de apoio.
No caminho elas tiveram paradas para descanso e foram ofertadas cana-de-açúcar, feno, capim, galhos, bambus, frutas, verduras, segundo Daniel Moura, biólogo e diretor do SEB.
O transporte desses animais de grande porte exige um planejamento de até 30 dias e a mobilização de diversos profissionais, como médicos veterinários, biólogos, tratadores, designers, advogados e publicitários, que trabalham nas mais diversas demandas.
Quanto ao custo total da operação de transporte, o SEB afirma que ele varia a cada viagem, a depender das parcerias que são feitas e dos valores de mercado, mas elas não saem por menos de R$ 200 mil.
Mãe e filha tiveram atenção especial porque o transporte até o Brasil ocorreu sem sedação. Durante a viagem, elas tiram pequenos cochilos de pé, já que segundo o SEB esses animais não costumam dormir em locais planos.
A morte no santuário é algo que se tornará comum, já que os elefantes resgatados normalmente são idosos, e geralmente viviam em lugares inapropriados e sofriam maus-tratos, em alguns casos.
Quando um animal morre, a equipe do SEB o enterra no mesmo local , após o luto dos outros elefantes.
“Esse luto dura um dia. Eles sentem a perda, rodeiam o corpo e depois se afastam. Quando isso ocorre, a gente chama especialistas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para colherem material e atestar a causa da morte. Depois, enterramos com o aval da Secretaria de Estado de Meio Ambiente”, diz Moura.
O SEB é o primeiro lugar da América Latina destinado à conservação desses animais. Com 1.100 hectares —o equivalente a sete parques Ibirapuera—, o local tem uma área médica, tanques de água e um setor de alimentação. Os elefantes recebem cuidados diários e podem percorrer uma área de 29 hectares, adaptada para o monitoramento.