Domingo de manhã, torcidas em festa e um grande jogo de futebol. Em São Januário, Vasco da Gama e Palmeiras decidiram a Copa do Brasil Sub-17 com um verdadeiro espetáculo para as categorias base do Brasil.
O show começou a se desenhar dias antes da bola rolar no Rio de Janeiro. Mesmo após uma derrota por 4 a 1 no jogo de ida, a torcida do Vasco da Gama garantiu presença em São Januário, disposta a empurrar o time por uma reação improvável. Quase quatro mil pessoas ocuparam as arquibancadas da Colina Histórica para o clássico, que entregou tudo que se esperava (e mais um pouco).
Empolgado pela força da torcida, o Vasco não demorou a sair na frente. Aos oito minutos do primeiro tempo, André bateu cruzado e fez o primeiro gol do jogo. Com o placar aberto, o volume aumentou em São Januário. A pressão vascaína parou na ótima atuação do goleiro César, com passagens pela Seleção Brasileira, que manteve o 1 a 0 até o intervalo.
“A gente já esperava ser um jogo difícil, porque o Vasco é um time de alto nível. Ainda mais com essa baita torcida deles aqui hoje. A gente já sabia. Mas no intervalo, o Rafa conversou com a gente. Voltamos bem melhores para o segundo tempo, sofremos muito no final. Mas isso é o futebol”, declarou César.
A volta para a segunda etapa seria fundamental para o desenrolar do jogo. E o Vasco mais uma vez fez valer o “abafa” de início. Aos dez minutos, Rayan fez grande jogada e ampliou o marcador, deixando o Cruzmaltino a um gol da igualdade no confronto. O concreto de São Januário chegou a tremer, mas a euforia durou pouco tempo. Enquanto os torcedores cantavam o samba do clube a plenos pulmões, apareceu a estrela de Endrick.
Um dos mais promissores jogadores desta geração, o atacante do Palmeiras estava apagado na partida. Mas bastou uma chance para tudo mudar. Aos 12 minutos do segundo tempo, a bola cruzou a área e ele, de primeira, completou para o gol: 2 a 1.
“O primeiro gol foi uma obra de arte, de contra-ataque. Foi muito bom ter feito esses dois gols, mas eu não fiz nada sozinho”, comentou Endrick.
O gol desarmou a pressão do Vasco, mas na base sempre há tempo para reagir. E foi exatamente isso que os donos da casa fizeram. Aos 24 minutos, Vareta tocou contra o próprio gol e voltou a colocar o Vasco a um tento dos pênaltis. O time comandado por Gustavo Almeida se lançou à frente em busca do 4 a 1, mas o contragolpe veio à galope, com um oferecimento de Endrick, mais uma vez.
“É muito difícil jogar contra uma torcida assim”
Endrick
O relógio marcava 37 minutos do segundo tempo quando o atacante cobrou falta com extrema categoria para marcar mais uma vez. Um gol que praticamente silenciou o torcedor vascaíno e fez a festa dos palmeirenses presentes no setor visitante de São Januário. O Vasco até conseguiria mais um gol, com Fillipy, aos 42, mas a reação parou por aí: 4 a 2 e título para o Palmeiras.
“O Vasco é um dos melhores times da base, do sub-17. É muito difícil jogar contra uma torcida assim, não parando de cantar. Mas tínhamos que correr, porque o Palmeiras é isso. Não pode parar em nenhum minuto, mesmo se está atrás do placar, tem que correr para reverter”, resumiu Endrick.
Elogios dos campeões
O alto nível apresentado pelos dois times gerou muitos elogios dos campeões aos vice-campeões. Mais do que o título, Palmeiras e Vasco entregaram um grande espetáculo em forma de jogo de futebol. E, mesmo em meio à alegria da conquista, os palmeirenses souberam reconhecer isso.
Coordenador das categorias de base do Palmeiras, João Paulo Sampaio valorizou o papel que uma partida como essa tem para o crescimento do futebol brasileiro como um todo.
“Engrandece o futebol brasileiro, dois jogos com tanta qualidade. A gente fica feliz, como formadores de atletas, por ver tanto talento dentro de campo. Claro que a gente quer sair campeão, mas é enaltecer o trabalho do Vasco”, destacou.
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Técnico do Verdão, Rafael Paiva foi pela mesma linha. O treinador, que já trabalhou no Vasco também, ressaltou a característica do jogo das duas equipes, que se propuseram a fazer uma partida com ofensividade, respeitando a tradição do futebol brasileiro.
“É um prazer enorme fazer parte disso. A gente sempre fala para os meninos que a gente quer ganhar, mas que quer proporcionar um jogo bonito, com jogador talentoso, com característica brasileira. Ficamos muito felizes de proporcionar um jogo como esse. A gente sabia que o duelo com o Vasco seria dificílimo, é um grupo extremamente talentoso, bem treinado pelo Gustavo Almeida. Fico muito satisfeito pelo que os meninos produziram na Copa do Brasil e muito feliz por esse desfecho”, afirmou.
Fair play: uma lição desde a base
Se não bastasse a aula de futebol dentro de campo, os jovens mostraram que nunca é cedo demais para aprender a respeitar os adversários e o jogo. Após o fim da partida, os jogadores do Palmeiras formaram uma fila para receber os vice-campeões do Vasco enquanto eles se encaminhavam para o pódio. O gesto de respeito foi retribuído pelo elenco do Cruzmaltino, que se organizou para aplaudir os campeões em seu caminho até a taça.