Um estudo mostrou que os profissionais que conseguem equilibrar o trabalho com a vida pessoal são mais produtivos. E as empresas estão valorizando cada vez mais esse tipo de funcionário.
A vida fora do escritório cabia só numa fotografia na mesa de trabalho até que o profissional e o pessoal passaram a dividir o mesmo espaço.
“Hoje o conceito de profissional de alta performance é completamente diferente do que já foi no passado, né. No passado as pessoas imaginavam um ‘workaholic’ que trabalhava 24 horas por dia e não estava com vivência na família, não tinha prática de esporte. O profissional de alta performance é uma pessoa que mantém o equilíbrio entre as coisas” conta Sheila Borges, diretora de RH.
Atento aos e-mails com intervalo para se concentrar no game, o publicitário Laertes Carraro Junior passa de fase na carreira.
“Esse equilíbrio é uma coisa que importa muito, não só o que eu estou trabalhando, mas eu ter uma certa qualidade em outro aspecto também, então envolve tanto família, amigos e esse tipo de contato social, quanto hobby — eu gosto muito de jogar, por exemplo”, afirma Laertes.
O trabalho remoto aumentou a produtividade e melhorou a qualidade de vida da maior parte dos trabalhadores. É a conclusão de um estudo inédito da Deel. A empresa que cuida da folha de pagamentos de gigantes da tecnologia, ouviu 700 profissionais. Três em cada quatro (76%) alcançaram equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e metade (51% ) diz que a produtividade aumentou com o home-office.
“É possível eu melhorar minha performance mesmo eu sabendo que eu tenho que cuidar dos meus filhos, eu tenho que preparar almoço, tenho que lavar a louça, que eu tenho que fazer minha academia”, explica Cristiano Soares, diretor da Deel.
O que o mercado já percebeu é que a produtividade de um profissional não é medida pelo cartão de ponto. Quantas horas ele passa no escritório ou diante do computador. O que vale é impacto do trabalho que ele faz. Então, nas contratações, aquele tipo que trabalha demais, sempre com agenda lotada, correndo, vai sendo substituído por alguém que investe na carreira, mas também na saúde física, mental, na família, na vida social. É o tal profissional de alta performance, que além de mais eficiente chega mais longe.
“Igual a uma corrida. Então o profissional que é ‘workaholic’ vai dar uma largada forte, mas ele vai manter por 20 km ou 40 km essa performance? Já o profissional que equilibra isso, ele vai ter provavelmente uma vida mais saudável, mais equilibrada pra correr o equilíbrio da corrida de 40km”, revela Sheila Borges
Para eles, sucesso não é cargo e salário, mas um sistema mais complexo com outros tipos de recompensas.
“Eu tenho ambições de carreira, tenho sonhos de carreira relativamente grande, sei que exige muito trabalho, exige muito tempo, mas não é só isso que são os meus objetivos principais de vida. Então tem bastante coisa que foge também do trabalho em si”, destaca Laertes.