O dólar opera em queda nesta sexta-feira (1), a caminho de nova desvalorização semanal frente ao real com a manutenção do fluxo da moeda para Brasil, enquanto investidores monitoravam a temores de recessão no exterior. Às 9h13, a moeda norte-americana recuava 0,73%, a R$ 4,7244.
No dia anterior, o dólar fechou em queda de 0,57%, a R$ 4,7592, acumulando perda de 7,70% no mês de março. No trimestre, teve baixa de 14,63% frente ao real, a maior desde 2009 para o período.
O que está mexendo com os mercados?
Na agenda econômica do dia, o IBGE divulgou mais cedo que a produção da indústria cresceu 0,7% em fevereiro, seguindo abaixo do patamar pré-pandemia. Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulga o relatório do mercado de trabalho americano, conhecido como “payroll”, relativo ao mês de março.
Os preços do petróleo operam com pequenas variações nesta sexta, após terem recuado cerca de 5% na véspera, depois de o presidente Joe Biden anunciar a maior liberação de todos os tempos da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Na zona do euro, a inflação anual disparou a 7,5% em março, batendo nova máxima recorde e complicando a situação do Banco Central Europeu em meio a os preços elevados e a desaceleração do crescimento econômico.
Na China, a produção industrial registrou o menor nível em dois anos no mês de março, em meio ao pior surto de covid-19 no país desde a primeira onda da pandemia.
O recuo do dólar frente ao real em 2022 tem sido favorecido pela disparada nos preços das commodities e juros em patamares mais elevados no Brasil. O Brasil possui atualmente a segunda maior taxa de juros reais no mundo, atrás somente da Rússia.
O movimento do dólar também é um reflexo do maior fluxo de capital estrangeiro para o país devido ao diferencial de juros com o exterior e perspectiva de que o Banco Central irá promover novas elevações na taxa Selic para tentar controlar a inflação. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.
Em relatório mensal, o Rabobank destaca que vê uma continuação dos fluxos que vem favorecendo o desempenho do real no curto prazo “enquanto um novo sentimento de risco global importante não for acionado novamente e o spread entre as taxas de juros continuar apetitoso”, diz o documento.
Entretanto o banco ressalta que os fundamentos permanecem frágeis e, internamente, “as perspectivas continuam desafiadoras, com o aumento incerteza sobre a política econômica durante o ciclo eleitoral iminente e um ambiente global de aperto monetário com maior aversão ao risco decorrente do cenário geopolítico”, favorecendo as forças depreciativas nos meses mais à frente. O Rabobank ajustou sua previsão do dólar no fim do ano para R$ 5,25 e R$ 5,20 em 2023.