Estações de monitoramento do Rio Paraguai vem registrando os menores níveis d’água de toda a série histórica de dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Com esta grande estiagem, os números apontam que o principal rio que banha o Pantanal não tem, há três anos, a habitual cheia que o bioma registrava.
Pelo segundo ano consecutivo, o Rio Paraguai apresenta valores de nível d’água significativamente abaixo da média, conforme o SGB-CPRM. A tendência é que o afluente permaneça em níveis baixos até o mês de outubro, quando normalmente termina o processo de vazante.
Diante dos números, os especialistas do SGB-CPRM se preocupam com todas as estações de monitoramento do Rio Paraguai.
A situação crítica no Rio Paraguai já havia sido alertada pelo serviço nacional, em abril, deste ano, quando ainda estava em período de cheia. Os dados divulgados mostravam que o rio registrou a cota de 1,79m em Ladário.
O último boletim de Monitoramento Hidrológico, publicado pelo SGB-CPRM, aponta que o nível d’água registrado na estação de Cáceres (MT) está atingindo os menores valores mínimos já observados para esse período do ano, considerando toda sua série histórica de dados (com registros desde 1965). O nível atualizado encontra-se em 78cm.
A preocupação em Mato Grosso do Sul é em razão do declínio do nível d’água na estação de monitoramento de Ladário (MS). Este ponto de análise, para os especialistas, é considerado um termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal, e na cidade pantaneira, o Rio Paraguai está com apenas 1,34m.
Para os próximos 28 dias, o SGB-CPRM prevê que o nível do rio deva ficar em 88cm na estação localizada no município, ao lado de Corumbá (MS).
O pesquisador em Geociências Marcus Suassuna destaca que a previsão para a cota mínima ao final do período seco é que o rio Paraguai oscile próximo ao nível de -40 cm em Ladário. A estimativa é a mesma do início de junho e essa redução de mais de um metro deve ser observada em torno do dia 20 de outubro.
“Esse prognóstico foi comunicado aos possíveis interessados, como as companhias de saneamento, que vêm se preparando para utilização de bombas móveis para captar água do rio Paraguai e produtores agrícolas para o planejamento de embarques antecipados. Inclusive instituições internacionais têm nos procurado, pois a mobilização para enfrentar essa situação adversa não impacta somente no Brasil”, relatou.
Um cenário mais drástico é previsto. O pesquisador do SGB-CPRM Marcelo Parente Henriques aponta que agosto é um dos meses mais secos da região, quando dificilmente chove.
“No ano passado, o nível do rio chegou a atingir dois metros no período máximo da cheia, neste ano chegou apenas a 1,80m, começando a baixar mais cedo, cerca de dois meses antes. Comparando com o mesmo período do ano passado, o nível atual do rio Paraguai está aproximadamente 50 centímetros mais baixo. Esse cenário traz mais preocupação, porque a seca este ano aparenta ser mais severa do que a que ocorreu ano passado, quando foram vivenciados vários impactos negativos na região”, relatou.