Começam nesta sexta-feira (26) as filmagens do curta-metragem ‘Oi Alice, ninguém é mulher impunemente’ que aborda a violência doméstica. A produção da Cia Teatral Cena 1, de Lucas do Rio Verde, convidou o ator global Iran Malfitano que protagonizará ao lado de Sonia Silva, atriz luverdense, as personagens principais.
A chegada de Malfitano e outros membros da equipe técnica foi cercada de expectativa. O grupo veio da região sudeste e fez escala em Cuiabá. Em razão do tempo chuvoso e de contratempos na estrada, a chegada em Lucas do Rio Verde aconteceu com atraso, mas não desanimou as pessoas que foram até o hotel Terras, onde ficarão hospedados durante as filmagens.
O diretor de fotografia, Vinicius Penelas, comentou que a temática do filme é interessante e tem ganhado espaço nas discussões. “Que bom que de um tempo prá cá esses assuntos têm sido mais falado e de fato tem muita gente sofrendo com esse tipo de relacionamento e entrando em depressão”, pontuou, citando que a temática motivou em fazer parte da produção.
Para o diretor geral do curta-metragem, será um momento importante realizar o projeto. Douglas Ancine revelou ter ficado entusiasmado com o roteiro, abordando uma temática tao presente na rotina das pessoas. ‘A expectativa é das melhores. E se tratar de uma cidade no interior, acho muito bacana”, assinalou, destacando que a maioria das produções das quais participou são na região sudeste.
Responsável pela captação de sons no filme, o diretor de som, João Mugrab também mostrou ansioso com o início das filmagens. Ele destaca que o projeto será importante para a cidade, que vai mostrar uma realidade que não tem grande visibilidade. “E isso acontece em muitas casas, muitas famílias, mas as pessoas não têm muita noção porque a dor é de cada um”, observou.
Trabalho cultural
Atriz que fará papel de Alice, Sonia Silva chegou em Lucas do Rio Verde no final dos anos 90 e desde então tem desenvolvido trabalhos na área cultural. Diretora da Cia de Teatro Cena 1, ela assumiu o desafio de propor a produção do curta-metragem que começa, definitivamente, a ganhar corpo com o início das filmagens. “O projeto envolve mais de 50 pessoas. A companhia trouxe grandes nomes do cinema, da TV pra estar conosco. Vamos projetar o nome da tv em nível nacional”, destacou.
“O filme fala do silêncio, do que a vítima sofre no quarto, lá onde ninguém enxerga e ninguém vê”, revela Sonia, acrescentando que ao estudar o roteiro em casa, sua filha (que ainda é uma criança) observou que o ambiente onde a personagem sofre calada é como se fosse uma gaiola. “As pessoas passam e ninguém enxerga essa gaiola. É sobre isso que ‘Oi Alice’ vai falar, da solidão que vive a mulher agredida, abusada”.
Protagonista
Apesar do protagonismo, Iran Malfitano optou por ‘dividir’ com todos os integrantes que estarão em cena a importância no envolvimento com a produção. O ator mineiro observou que é um tema atual e cuja abordagem foi ampliada. “As pessoas parecem que aceitam assistir a esse tipo de filme com outra cabeça, antigamente não. Continua muito atual e acho que é muito importante estar tocando no assunto”, opinou.
O ator disse que ao conversar com os demais membros da parte técnica ficou evidente o grande número de casos de violência doméstica que ocorre no país. Iran lembra que muitas pessoas próximas têm alguma experiência relacionada a abusos e que é importante as mulheres se defenderem nesses casos.
Malfitano revelou esperar que a produção possa ter continuação, já que a história de Alice e Marcos, as duas personagens principais, dá abertura para outras abordagens que fica difícil em um curta-metragem. “É um tem importante e que a gente acha que vale continuar”, declarou. “De repente a gente continua num projeto sequência desses, porque aumentar o curta não vai ter como”.
Contracenar com artistas locais será uma experiência rica para o ator mineiro. “Todo mundo tem sua importância, não vejo protagonista, antagonista. Mais importante é desenvolver a cultura na cidade. Povo sem cultura não é um povo, é um bando, não tem identidade”, destacou Malfitano, observando que São Paulo e Rio Janeiro, os dois maiores polos culturais do país, sofreram os efeitos da pandemia de covid-19.
As filmagens acontecerão nesta sexta-feira, sábado e domingo. O curta será gravado em espaços públicos e ambiente fechado. A captura das imagens utilizará mão de obra luverdense. O filme será lançado primeiramente em Lucas do Rio Verde. Além disso, a produção participará de festivais em várias cidades brasileiras.