De acordo com a psicóloga e PhD em Neurociências, Roselene Espírito Santo Wagner, levando em consideração que para aplicar testes de QI em países como Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha, o profissional tem que se especializar; e no Brasil não há essa exigência, logo, pode não ser tão confiável.
“Os cálculos para resultados na norma brasileira contém regras diferentes da alemã, por exemplo. Há constatação se casos, onde a disparidade é enorme, como por exemplo, de uma criança testada no Brasil que apresentou um resultado de QI de 140, portanto constatando para os padrões de superdotação. Porém quando esta mesma criança foi submetida a testagem nos padrões Europeus- Alemanha, pontuou um QI com resultado de 120; causando assim uma frustração enorme, tendo que trabalhar suas questões emocionais para lidar com essa diferença de resultado.
Há quem faça parte de sociedades de alto QI, instituições renomadas, onde os membros se surpreendem com a quantidade de “ditos portadores de superdotação/altas habilidades.
Criando um certo descrédito nos resultados, quase em “escala industrial”.
Isso mancha a reputação de quem trabalha na contramão desses resultados fakes.
Colocando todos os profissionais em xeque. É preciso uma formação com especialização, ética profissional e excelência na testagem, coleta de dados, interpretação e qualidade na produção de laudo”, explicou.
O que é necessário para um profissional estar apto para aplicar os testes no Brasil? E como é na Europa e nos Estados Unidos?
O recomendado é que quem aplique o teste seja neuropsicólogo, portanto, um Psicólogo que tenha pós-graduação além de especialização em psicometria.
“Já nos Estados Unidos, só é habilitado para exercer essa função o profissional que além da graduação em Psicologia tenha também cursado mestrado, doutorado, residência para se tornar neuropsicólogo. Um processo ainda mais longo dentro da vida acadêmica. Com a responsabilidade de testar crianças e adultos não só quantitativamente mas qualitativamente, contemplando a idade cronológica e mental, os recursos emocionais dentro da fase do ciclo vital, a rota cognitiva e seus padrões comportamentais”, disse.
Os profissionais desta área têm que entender que o ser humano é o resultado de várias combinações complexas e que exige um modelo ecológico dentro da mensuração de seu mapa cognitivo dentro da circuitaria neural bem como seus conteúdos internos que atravessam o comportamento.
“Não poderá haver portanto uma dicotomia na testagem, tudo deve ser avaliado e levado em consideração. A assinatura existencial humana, dentro da exclusividade de cada ser, merece respeito e total atenção, para oferecer uma decodificação de suas potencialidades que agrupam o escopo completo de suas forças e vulnerabilidades”, finalizou.